A jovem franziu o nariz, arqueou as sobrancelhas e deu-se
ares de enjoada. Olhava para as pessoas que a rodeavam como se elas tivessem uma
doença contagiosa.
Os seus cabelos meio alourados, estavam apanhados no alto da
cabeça e formavam um carrapito.
Uma das muitas senhoras de
baixa estatura que a cercavam, mais mourisca do que uma andaluza, ao
vê-la revirar os olhos, achou que aquele ar teatral era demasiado para o seu
gosto e não se conteve:
-Este povinho que não tem onde cair morto…dá-se ares de
importância, como se fossem banqueiras!
E foi aqui que a jovem loira, trineta de uma criada escocesa
e de um bisnau das beiras, se abespinhou:
-Será que eu ouvi bem? Ela chamou-me povinho? Povinho, eu!?
-Não, ouviste mal, uma pessoa tão distinta como tu, podia lá
ser do povo… - consolou-a uma amiga ,
receando uma explosão de fúria por parte da descendente escocesa.
Jorge C. Chora