Era uma vez duas borboletas irmãs que nasceram na mesma
folha de medronheiro. Ambas tinham em comum o poderem mudar de cor, de forma
muito rápida, não só quando estavam pousadas em folhas de cor diferente, mas
também quando voavam. Uma era grande e a outra era pequena.
A grande passava o tempo esvoaçando sobre os pequenos
animais do medronhal, alimentando-se das palmas que estes lhes batiam quando
ela mudava de cor em pleno voo. A pequena, disfarçando-se, confundia-se com a
vegetação, aproveitava-se da distracção dos espectadores e roubava-lhes as
folhas mais viçosas, que eles tinham tido o trabalho de recolher e amontoar.
Indignados com a pequena borboleta, resolveram fingir-se
distraídos com as peripécias da irmã e, mal ela pousou nas folhas que eles
tinham juntado, saltaram-lhe em cima e quase a apanharam.
Riu-se a pequena borboleta, após ter conseguido escapar.
No dia seguinte, ninguém lhe ligou nenhuma quando ela lhes
comeu o que eles tinham conseguido. Quando a irmã fazia as suas peripécias, passou-lhes
muito próximo e os animais do medronhal, apanharam-na e castigaram-na severamente:
-Ora toma sua fingida…distrais-nos enquanto a tua irmã nos
rouba…
E a borboleta grande nunca mais mudou de cor.
Jorge C. Chora