Colhi uma
flor no meu jardim,
achando ser perfeita
para de ti,
mas só
quando t’a ofereci,
percebi, não
ter no meu jardim,
ainda nenhuma
digna de ti.
Jorge C. Chora
1/12/2024
Colhi uma
flor no meu jardim,
achando ser perfeita
para de ti,
mas só
quando t’a ofereci,
percebi, não
ter no meu jardim,
ainda nenhuma
digna de ti.
Jorge C. Chora
1/12/2024
Peço aos santos conhecidos
e aos ainda
desconhecidos,
que cada
abraço da minha amada,
me seja diária
e inúmeras vezes,
dado e
repetido de forma ilimitada
e por mim retribuído,
todas as vezes,
tantas
quantas por mim desejadas
e por ela,
no seu corpo inteiro consentidas,
nádegas e outras
partes incluídas e beijadas.
Jorge C. Chora
29/12/2023
Muitos, sendo
alguéns,
tratam bem
os zés-ninguéns;
já quanto aos zés-ninguéns,
não querendo
parecer aquilo
que
verdadeiramente são,
só bem
tratam os que são alguéns,
embora nunca
passem de zés-ninguéns.
Jorge C. Chora
28/12/2023
Saiu ao fim
de dois terços de pena cumprida e bom comportamento,
pois
conseguiu, em conluio, disfarçar uma série de patifarias cometidas.
Foi
aconselhado a viajar para um país chamado Cacetudo, onde poderia dar largas às
suas malfeitorias, sem ser condenado por nada.
- Como
assim?
- Tens
licença para matar todos os seres que quiseres, sem limite de peças, como ainda
te garantem um prémio.
- Um prémio?
-Sim, por
cada lote de cinquenta que mates, independentemente de serem bebés, suas
respetivas mães, pais ou outros familiares, sobes um grau na hierarquia militar,
porque o caçador tem equivalência, nesse
país, por terem os mesmos objetivos: matar indiscriminadamente.
- E não há
ninguém que ponha fim a isso? Pergunto porque não quero gastar dinheiro e ao
chegar lá o esquema ser abolido!
- Está
descansado, o país tem as costas quentes, embora o mundo esteja contra eles, há
um poderoso que veta e a coisa continua sempre.
E o homem
viajou e num só mês conseguiu a distinção de ter equivalência a general de
cinco estrelas.
Jorge C.
Chora
26/12/2023
Via-a no
jardim,
desconhecia
aquela flor.
Não era rosa
nem jasmim
mas elegia
como o meu amor,
tão bela
como qualquer flor,
mesmo sem
ser rosa ou alecrim
era e foi
sempre o meu amor
por ser mais
bela que qualquer flor,
ainda que
não seja rosa, jasmim ou alecrim.
Jorge C. Chora
24/12/2023
Sentado na varanda, assustou-se:
algo de
estranho aconteceu,
o dia de
súbito escureceu,
o céu uma
barriga formou
e em direção
à Terra cresceu.
A barriga
não parou de aumentar
até que com
um estrondo aterrador
começou a vomitar
e rebentou.
Do céu
caíram milhões d’almas,
pois estava
a abarrotar
e não
aguentou com o peso
de crianças
e mulheres mortas,
associado ao
nojo provocado
pela
insensibilidade humana
e pelas
ações das tiranias reinantes.
Jorge C. Chora
22/12/2023
Em tardes de
boa-vai-ela
e noites de
piela,
urinava nas
ruas
e
aliviava-se nas vielas.
Esquecia-se
de trabalhar
e o dinheiro
a faltar:
começou a
roubar.
Tantas fez
que foi apanhado
e não tardou
a ser enjaulado.
Jovem e bonito
como era,
chamaram-lhe
um figo na cadeia,
e logo lhe
trataram do pandeiro.
Primeiro
estranhou e depois entranhou-se,
tal e qual
como a Coca-Cola
e o dizer de
Pessoa.
Para
sustentar a antiga vida,
circulava
por Lisboa
e vendia-se
a quem o queria.
Foi
espancado, abusado e roubado
e depressa
adoeceu, foi internado e morreu.
Ninguém o
visitou no hospital
e ao seu
funeral ninguém compareceu:
nem os
companheiros da boa-vai-ela,
muito menos
os clientes do pandeiro
e acabou
enterrado como indigente,
o amigo das
tardes da boa-vai-ela
e das noites
de piela.
Jorge C. Chora
18/12/2023
Morrer assassinado,
só ou
acompanhado,
quer a tiro
quer à bomba,
num mundo
onde a morte é certa
e em todos
sem exceção acerta,
é a maldade
de braço dado à crueldade.
Basta os que
morrem sem se saber a causa.
Àqueles cuja morte não é evitada,
tendo sido
de sede e de fome causada,
de doença
conhecida e não tratada,
já são uma
vergonha para a humanidade.
Se a morte pudesse
ser morta,
já os
poderosos a tinham eliminado,
deixando-a
para os outros,
mais fracos
e não aliados,
poupando em
balas, espingardas e bombas!
JORGE C. CHORA
15/12/2023
Entre os que
se odeiam, considerando que entre o ódio e o amor vai só um passo, há sempre a
possibilidade de se amarem, porque o ódio pode ser só, inconscientemente, um
amor latente e reprimido entre ambos.
Veja, com
atenção, se quem odeia é afinal quem ama e se está a enganar a sim própria(o).
Jorge C.
Chora
14/12/2023
Em tempo de desejos
insatisfeitos, Pierre Teilhard de Chardin, dá-nos a solução:” Não desejar senão
o que se tem, é ter o que se deseja.”
In Dicionário
de Citações e Provérbios.
Jorge C.
Chora
13/12/2023
Levanta-se
de madrugada,
ainda a
noite está calada,
à filha dá a
mamada
ao filho a
refeição preparada.
Ainda
ensonada,
veste os
filhos semiadormecidos,
corre para
apanhar
o autocarro
que chega atrasado,
também
parece cansado!
Chega à
escola afogueada
e encontra-a
fechada,
na portaria
está afixada
uma nota
esclarecedora:
Estamos
fechados,
pedimos
desculpa pelo transtorno.
Com os
filhos pendurados,
sem os poder
levar para o trabalho,
regressa a
casa transtornada
num
autocarro lotado
com uma
criança ao colo
e a outra
pela mão agarrada
de pé e nada
equilibrada.
Telefona ao
patrão e ouve das boas:
-É sempre
assim com a mulherada,
há sempre
desculpas esfarrapadas!
No fim do
mês, já sabe,
menos um dia
de salário.
E a mulher
torna a pedir
desculpas,
ainda que sem culpa
e lê uma
mensagem,
acabada de
receber,
adiando pela
terceira vez
a consulta
de pediatria.
Nunca desejou
tanto
ser rica ou
remediada
e poder
mandar todos
à “bamerda”,
à semelhança
do que fez um
famoso
almirante, à varanda
do parlamento.
Jorge C. Chora
12/12/2023
As pessoas
são como as frutas: só depois de abertas, se veem como realmente são.
Jorge C.
Chora
12/12/ 2023
No jogo das
consultas,
o desmarca e
marca,
a quem sai
sempre a fava?
Ao doente
que morreu na maca!
No jogo do
abre e fecha
da urgência,
quem passeia
de ambulância,
procurando
uma aberta
e lhe sai
sempre a fava?
Ao doente
que morreu na maca!
Nestes jogos
da desgraça,
a quem sai
sempre a fava?
Ao doente
que morreu na maca!
Jorge C. Chora
1o/12/2023
Gostar do
que se faz, ser persistente, não recusar aprender e ter vontade de continuar a
fazer aquilo que faz, já é ter sucesso. O sucesso é relativo, o que para uns
tem esse significado, pode ser o maior fracasso para outros.
Duvida? diga
a alguém que só gosta de fazer dinheiro, que o sucesso é conseguir distribuir
algo do que tem com os seus empregados, sem lhes exigir que dupliquem a
produção, só para os fazer mais felizes!
Dissessem ao
Nabeiro que o sucesso era, não beneficiar os seus colaboradores, ser cada vez
mais rico, sem nada partilhar.
Pois é, o
sucesso é muito relativo.
Jorge C.
Chora
9/12/2023
O homem nada possuía:
de seu, só
ar e vento,
a rua e o
relento.
O dinheiro
de uma vida,
comera-lhe o
banco,
num mau
investimento,
em ações que
nada valiam,
sem o seu
consentimento.
Num simples
piscar d’olhos,
passou de senhor,
a senhor de nada,
tratado por
um simples psst, ó tu!
Forçado a
estender a mão à caridade,
dizia
obrigado, a quem lhe desse ou não um tostão,
mas o que
mais ouvia,
era o que ele outrora dizia,
a quem na
rua pedia:
Vai
trabalhar malandro!
Jorge C. Chora
7/12/2023
Tratar com
dignidade os vencidos da guerra ou da vida, é próprio de grandes senhores,
daqueles que não humilham nem se deixam humilhar, não se vergam nem pedem
favores, mas raramente chegam a “generais”.
Jorge C.
Chora
7/12/2023
A escuridão
reina no nosso planeta
e só é
rasgada por estranhas estrelas,
subindo da
terra ao céu, todos os dias,
muito pequenas,
a horas e a desoras:
São almas de
meninos e meninas,
de gentes
muito pequeninas,
a quem
ceifaram as vidas,
e ascendem
ao céu, acompanhadas
pelos pais,
mães e avós,
a quem
também mataram,
para não se
sentirem sós,
nas viagens
na noite escura.
O inferno
desceu à Terra,
aplaudido
por Satanás,
por não
sentir diferença,
entre onde
estava e para onde veio,
exceto o
barulho das bombas,
granadas e
metralha,
vindas do
céu para a Terra,
matando de
uma só vez,
mais gente
do que ele jamais foi capaz.
E tudo isto
se passa entre povos
que acreditam
num só Deus,
a quem uns designam de Jeová
e outros de
Alá!
Jorge C. Chora
4/12/2023
Nasceu de um
caroço
lançada por
um moço,
ninguém a
enxertou
e a
laranjeira brava ficou.
Guilherme
adorava-a:
Da sua
janela via-a,
logo ao
acordar,
e ao pé dela ia brincar;
colher
laranjas e atirar,
com os
amigos guerrear
e depois à
sua beira descansar.
Quando se
reformou,
e a casa voltou,
a laranjeira
encontrou,
triste e
quase a morrer
porque
ninguém a cuidou.
- Força
minha amiga,
não te
deixes morrer!
- Já não
sirvo para nada…
- Enganas-te
minha amiga…
E começou a
colher as laranjas.
- Não me
digas que as vais atirar a alguém!
espantou-se
a velha laranjeira.
- Não, longe
disso, elas são preciosas…
E a
laranjeira selvagem nada
disse, mas
pensou: “o meu amigo
não está bom da cabeça,
estas
laranjas não se comem”
No dia
seguinte, Guilherme
apresentou-lhe
um doce de
laranja
amarga e disse-lhe:
- Doravante
todas as tuas laranjas
vão ser
comidas e apreciadas,
e nem uma só desperdiçada!
E sabes quem
são os apreciadores?
-Não…
-Os que utilizavam
as laranjas como munições,
no jogo dos polícias e ladrões e não só!
A laranjeira,
passou, de orgulho recuperado,
a duplicar as
laranjas que até aí lhes tinha dado.
Jorge C. Chora
3/12/2023
Os costumes
de outrora
não são os
de agora,
as opiniões
também não,
pois
dependem das ocasiões:
as de ontem
não são as de hoje
nem serão as
de amanhã.
No passado,
uma senhora
com muitas e
variadas relações,
era uma
mulher de má fama,
estouvada, já
para não dizer bem pior.
Hoje, uma
mulher que não esteja
numa
relação, depois de acabadas
algumas
outras relações falhadas
é, nem mais
nem menos, uma encalhada,
uma
solteirona empedernida,
ainda que
queira estar só!
Jorge C. Chora
1/12/2023