Eugénio
decidiu pedir namoro a uma amiga. Deu-lhe um colar diferente,
feito à mão,
com penduricalhos ao longo do fio.
Amélia
aceitou o presente e o pedido de Eugénio, mais como um presente de amigo, do
que por paixão.
Estava na
hora de apanhar o autocarro e Amélia, correu o mais que pode para o apanhar. Ao
sentar-se, viu que não tinha o colar. Caíra na pressa de não perder o
transporte.
Dois dias
depois, Eugénio perguntou-lhe pelo colar.
- Olha,
aconteceu um imprevisto. Na correria para apanhar o autocarro perdi-o! Peço-te
imensa desculpa.
Eugénio
torceu o nariz. Ele tinha a certeza de que ela o oferecera a alguém.
No dia
seguinte Eugénio viu o colar ao pescoço de uma rapariga, no café onde costumava
encontrar-se com a Amélia. Ficou furioso e disse a Amélia o que acontecera:
sabia que ela o tinha oferecido a uma rapariga lá do café onde iam.
Amélia,
nessa mesma tarde, ao vê-la com o colar, contou-lhe o que se passava. A
rapariga era um pouco mais nova do que ela.
Ela
sorriu-lhe. Tirou o colar e colocou-o ao pescoço de Amélia, informando-a de que
o tinha encontrado na paragem de autocarro. Sofia, assim se chamava a rapariga,
desejou-lhe sorte e um bom recomeço.
Sofia
cheirava a fresas, as flores preferidas de Amélia. As suas pequenas sardas, ao
lado de um pequeno nariz, impressionaram Amélia que não se conteve:
-És tão
bonita Sofia…
-E tu também
és… nunca disse isto a ninguém- respondeu-lhe Sofia, vermelha de vergonha.
Duas semanas
depois, Sofia recebia de Amélia, um bonito colar, do mesmo tipo do que tinham
devolvido a Eugénio, com um pedido:
-Quero-te
fazer um pedido! - declarou Amélia.
- Só aceito
se for igual ao meu… - disse-lhe Sofia.
Então, em
uníssono, fizeram o pedido:
-Queres
namorar comigo?
A
experiência durou dois meses e depois, entre beijos e abraços, resolveram acabar
a bem. Concluíram que ambas gostavam mais de rapazes, embora gostassem uma da
outra.
Ainda hoje,
são as melhores amigas, madrinhas dos filhos de ambas e curiosamente, são
primas, pois casaram-se com dois primos, que conheceram no mesmo café, e pelos
quais continuam encantadas, trinta anos depois e que não acham nada estranho
que elas, de vez em quando, se cumprimentem com beijos nos lábios.
Jorge C.
Chora
24/03/2022