sábado, 27 de julho de 2019

AO MEU AMOR


     
 Tens caminhado comigo
e dourado o nosso caminho,
sendo fácil
percorrê-lo contigo.
Mesmo entre ralhos,
percebe-se o cuidado,
um pelo outro sentido
e o amor por nós vivido.

Jorge C. Chora
27/7/19

quarta-feira, 24 de julho de 2019

O BORIS DA ERICEIRA


                                                               
 Boris vivia na Ericeira e atraía a atenção de todos: crianças, adultos, moradores e não residentes, nacionais e estrangeiros.

Tinha um ar divertido, simpático, bolachudo, sociável e abobalhado. Aceitava palavras, festas e louvores, assim como caras feias, com a bonomia de um “entertainer” profissional.

Cumpria a rigor o seu papel de mestre de cerimónias, atraindo ao negócio o maior número de visitantes. Habitava duas casas, sendo uma no exterior e outra no interior da loja. onde se recolhia amiúde quando não havia espectadores: não trabalhava sem eles.

O Boris morreu e não houve quem não desse pelo facto. Rei morto rei posto, sucedeu-lhe o filho, tão preguiçoso e abobalhado quanto o grande Boris seu pai.

O novo Boris aposta na sua aparência excêntrica e no seu feitio camaleónico, de parecer mau sem nunca mostrar os dentes, excepto se for para as fotografias e tiver algo a lucrar com isso.

Jorge C. Chora
24/7/19

terça-feira, 23 de julho de 2019

VILA DE REI




Cai a noite
em pleno dia,
calam-se os cantos
e a alegria dos encantos,
em pleno dia.
Calam-se os cantos
e encantos
dos cantos dos pássaros  
em pleno dia,
sufocados pelo negrume
e fumo da asfixia,
pelo braseiro de inteiros dias,
do desencanto do fim
da magia das florestas
e da impotência das Ave-  Marias.

Jorge C. Chora
23/7/19

terça-feira, 16 de julho de 2019

NOITES DE LUAR



Quando a lua
te confessa os seus
segredos,
e tu lhe contas
os teus,
as noites de luar,
desvendam-lhe a face
e revelam-na enamorada.

JORGE C. CHORA
16/7/19

sexta-feira, 12 de julho de 2019

NEM FEIOS NEM AXINS,OUTRORA ERA ASSIM



A falar axim
e feios assim,
ouviam atchins
em vez de sins.

Disse sim
ou nim?
Se dissesse sim,
e deixasse o axim
podia ser sim.

Aprendeu o sim,
deixou o axim
mas, feio assim?
antes o axim.

Só com padrinhos ricos,
casos assim,
feios e axins
passavam a ouvir sins.

Jorge C. Chora
12/7/19

quinta-feira, 11 de julho de 2019

A LIBERDADE DAS ROSAS



No país das Rosas,
beleza e aromas
elogiadas sempre foram.
É altura de se libertarem
e mostrarem realmente
o muito que valem,
para além da beleza e aromas,
cujo valor lhes quiseram
atribuir como principais,
senão únicos apanágios..

Jorge C. Chora
11/7/19

sexta-feira, 5 de julho de 2019

A MINHA FLOR




No parapeito
da minha janela,
habita uma flor
que me sorri,
como se todos os dias
fossem de primavera.
Duas palavrinhas
e uma gotinha de água,
asseguram-nos,
a mim e a ela,
eternas manhãs primaveris.

Jorge C. Chora
5/7/2019

quarta-feira, 3 de julho de 2019

TRAGO NO PEITO


Trago no peito
a alegria de te amar
e saber-te,
tal como eu,
com o gosto
de a trazer,
pelo teu sentir por mim.

Jorge C. Chora 

3/7/19

terça-feira, 2 de julho de 2019

OS SALTA-POCINHAS DA ESTAÇÃO DA CP NA AMADORA E NÃO SÓ


                      
Presenciei a capacidade atlética de um casal ainda jovem, ao sentarem-se, num só impulso, no topo das barras laterais das cancelas automáticas, de acesso às plataformas da estação. De seguida, colocaram-se em pé e passaram por cima das cancelas, com a maior facilidade. 

Transpostas as barreiras, saltaram para o chão, subiram as escadas no sentido de Sintra, devagar, devagarinho, seguros de si, gozando a gratuitidade da sua viagem.

Já vi noutras estações, muitos” penetras” forçando as entradas, mas nenhum com esta elegância e sem nada estragarem.

Os salta-pocinhas que vi, não pareciam propriamente desfavorecidos, muito menos oriundos de bairros periféricos ou artistas pobres, necessitados de transporte, a caminho do seu ganha-pão. Ainda que assim fosse, não se aceitava este comportamento, embora se percebesse a artimanha e a necessidade de a ela recorrer.

Jorge C. Chora
2/6/19