Presenciei a capacidade atlética de um casal ainda jovem, ao
sentarem-se, num só impulso, no topo das barras laterais das cancelas
automáticas, de acesso às plataformas da estação. De seguida, colocaram-se em
pé e passaram por cima das cancelas, com a maior facilidade.
Transpostas as barreiras, saltaram para o chão, subiram as
escadas no sentido de Sintra, devagar, devagarinho, seguros de si, gozando a gratuitidade
da sua viagem.
Já vi noutras estações, muitos” penetras” forçando as
entradas, mas nenhum com esta elegância e sem nada estragarem.
Os salta-pocinhas que vi, não pareciam propriamente
desfavorecidos, muito menos oriundos de bairros periféricos ou artistas pobres,
necessitados de transporte, a caminho do seu ganha-pão. Ainda que assim fosse,
não se aceitava este comportamento, embora se percebesse a artimanha e a
necessidade de a ela recorrer.
Jorge C. Chora
2/6/19