sábado, 31 de julho de 2021

Ó TU QUE CANTAS

Encantas

quando cantas;

o mundo espantas

e arrepias,

com as tuas músicas

e magias.

Lanças chamas,

incendeias almas

com desejos e ânsias,

esperanças e alegrias

e sobretudo de fantasias

com as tuas cantorias.


Jorge C. Chora

  31/07/2021



sexta-feira, 30 de julho de 2021

CHAMBINO E OS SORVETES

Há acontecimentos passados na juventude que permanecem na memória das pessoas e nem sempre pelos melhores motivos.

José Chambino, um coruchense de nascimento, há muito residente na Amadora, lembra-se de um episódio relacionado com as guloseimas na sua infância.

Passava junto à praça de touros da sua terra, quando o homem que fazia e vendia sorvetes, ao mexer a massa, deixou cair ao chão um grande bloco da referida pasta.

Não se atrapalhou: apanhou-a, limpou-a um bocado, tornou a juntá-la à restante e continuou a misturá-la.

Arrepiou-se com o que viu e ainda mais com o que estava para vir. Alguém observou a cena e chamou a atenção ao sorveteiro para o facto. Muito calmamente, não parando o que estava a fazer, respondeu:

-Não faz mal, os gulosos comem tudo!

Chambino, que até era guloso, qual o miúdo que não era ou não é! engoliu em seco e nunca mais comprou sorvetes ao homem. Ainda hoje, sempre que vê um carrinho de gelados, lembra-se da afirmação, guarda o dinheiro no bolso e diz para si próprio: sou guloso mas não como tudo!


Jorge C. Chora

30/07/2021


segunda-feira, 26 de julho de 2021

A TRISTE SORTE DE JOÃO PINGUIM

João Pinguim não era flor que se cheirasse, e provou-o, mesmo no dia da sua morte. Não deixou os seus créditos por mãos alheias: morreu com a mão direita fechada e com o dedo malcriado espetado. Despediu-se assim do mundo e dos que o rodeavam. Mandou todos bugiar ou melhor dizendo, mandou-os àquela parte ou pior. O gesto é e foi tudo.

Bem, começámos pela sua morte e uma história é como uma viagem, tem princípio meio e fim. Um carro aos solavancos, recuando do fim para o princípio e por vezes voltando ao meio, enjoa os passageiros e muitos desistem da viagem.

Nasceu a berrar e feio como o diabo. A mãe morreu a dar à luz e assim perdeu a única pessoa que o poderia achar bonito.

Foi criado pelo pai, que lhe foi dando o que podia, embora não fosse quase nada, pois pouco tinha. Era adepto da pinga mas curiosamente gostava do João Pinguim porque não só era seu filho, mas também da única mulher que amara. Nunca o maltratou. Com a sua falta de jeito, acariciava-o como sabia, dando-lhe pequenas palmadas.

João viu o seu pai morrer, às mãos de um homem com quem o seu pai convivia e bebia. Seguiu-o durante dois dias e quando ele caiu embriagado, foi ao supermercado, roubou uma embalagem inteira de garrafas de álcool que acabara de ser descarregada e ainda não estava arrumada. Voltou ao local onde ele continuava anestesiado, a dormir, regou-o bem regado e lançou-lhe o fogo.

Quando o bêbado deu pelo que lhe estava a acontecer, gritou por socorro, mas era demasiado tarde: estava tão assado que morreu pouco depois.

João voltou para casa ainda a tempo de ver três homens a roubarem-lhe o único sofá que tinha. Interpelou-os:

- O que estão a fazer com o meu sofá?

- Teu? O dono vendeu-nos ainda há pouco…põe -te andar ó fedelho…

E João viu desaparecer, a única peça de jeito de sua casa, sem nada poder fazer, exceto, segui-los e localizar o sítio para onde o levaram.

Três dias depois, partiu um vidro da referida habitação e lançou um jornal velho a arder para cima do sofá. Quando os bombeiros chegaram, já tudo tinha ardido.

Na taberna em que o pai tinha o hábito de frequentar, soube que tinham sido dois homens que tinham incentivado o assassinato do pai, porque ele não conseguira pagar uma pequena dívida.

Conseguiu, à socapa, apossar-se da pistola de um, quando ele cambaleava à saída e se debruçava para conseguir abrir a porta do carro. Quando o companheiro assomou à porta, deu-lhe um tiro na testa, à queima roupa, e escapuliu.

Dois dias depois,foi a casa do dono da arma, entrou pelas traseiras, mandou-o abrir a boca e espalhou-lhe os miolos na parede. Deixou-lhe a pistola na cama.

Na vida fez de tudo e nunca deixou uma conta por saldar. A única ajuda que teve, foi a de uma senhora bem mais velha , ainda mais feia do que ele e que teve de satisfazer às horas a que lhe apetecia. Nunca admitiu que alguém dissesse mal da sua companheira.

Herdou-lhe o negócio aos dezoito anos, pois ela fez dele o seu herdeiro. Trabalhou noite e dia, enriqueceu, casou quatro vezes e quatro vezes foi enganado. Não deu cabo de nenhuma, desejou-lhes boa sorte e mandou-as viver à conta dos namorados.

No dia em que morreu, fechou o punho e estendeu o dedo malcriado, não sem que antes tivesse legado a fortuna que tinha, a uma jovem internada, viúva e com um filho pequeno.

E morreu com dedo médio esticado, punho fechado, sem dever nada a ninguém.


Jorge C. Chora

26/07/2021





sábado, 24 de julho de 2021

A CABEÇA A ANDAR À RODA

Estava no Mercado de Benfica quando me lembrei de comprar um achar de manga ou de limão. No mercado, ninguém sabia onde adquirir esses produtos, nem havia nenhuma loja do género. Ao sair, vi um restaurante indiano nas proximidades. Nem era tarde nem era cedo, eles podiam saber onde comprar os achares e como tal, para lá me dirigi.

Perguntei ao senhor mais velho, que veio ao meu encontro, se me sabia dizer onde comprar, ali em Benfica, o achar. Olhou para mim muito surpreendido e repetiu o nome, por duas ou três vezes. Percebi ou julguei perceber que o senhor talvez só conhecesse o nome em inglês. Mencionei o produto em inglês e tornou a olhar para mim como se eu estivesse a falar de astronomia ou qualquer coisa desse género.

Depois de pensar um bocado, perguntou aos empregados, aparentemente também indianos, pelo achar.

Espanto dos espantos, nenhum deles conhecia ou ouvira falar em semelhante produto! E estávamos num restaurante, em cuja vidraça exterior, ostentava, em letras garrafais, a condição de restaurante indiano! Indiano uma fava!


As surpresas do dia ainda não tinham acabado. Fui comprar uma camisa, a uma loja de roupa . Após ter pago, perguntaram-me se queria um saco.


- Sim, de preferência, senão tenho de a levar na mão…


E vejo a vendedora tirar debaixo do balcão um pequeno saco de papel, ao mesmo tempo que me pedia 10 cêntimos.


- Desculpe-me , dê-me ao menos, um de plástico que se veja...- disse-lhe eu.


- A lei não permite sacos de plástico desde o princípio do mês – esclareceu - me a senhora.


-E então tenho de pagar o de papel? É porque o de papel também tem problemas de reciclagem?


-É da lei…


Não tive outro remédio senão pagar o de papel ou trazia a camisa na mão e o mesmo sucederia se tivesse comprado umas calças ou um casaco.

Já sabe, se for comprar roupa, leve uma alcofa senão arrisca-se a trazê-la na mão ou a pagar saquinhos de papel, destinados a transportar os artigos que comprou nessa mesma loja!


Jorge C. Chora


24/07/2021







sexta-feira, 23 de julho de 2021

TRÊS FOI A CONTA QUE DEUS FEZ

Bonita talvez não fosse, mas era dotada de um certo porte e elegância. Bem falante, era simpática e namoradeira. A seu favor contava ainda com uma enorme desinibição e uma sólida cultura.

Contra si e reconhecido pelos amigos e conhecidos, contava com uma grande volubilidade.

Casara-se três vezes e divorciara-se duas, mas há quem diga que mais. Até aqui, nada de extraordinário: há quem se tenha casado e divorciado um número bem superior ao anteriormente apontado. Também no caso em questão, houve quem a tivesse superado e vou já falar num , que não há quem desconheça, protagonizado por um casal de artistas que se casou, se não me engano, nada mais nada menos do que sete vezes um com o outro.


A senhora de certo porte , casou-se e divorciou-se do mesmo homem. Amava-o desde sempre, mas com o seu feitio sui generis e convencida da sua capacidade de recuperação, afastava-o e ele vinha, pé ante pé ao beija mão e porque não dizê-lo, ao beija-pé.


Ela entrava na igreja e conversava com Ele sem nada Lhe esconder:

- Senhor, não vale a pena enganar-Te. Preciso de descansar do meu marido. Sei que ele virá ter comigo e regressará melhor. Vai dar-me mais valor, embora ele já me dê, mas quero mais e sei que ele me pode e vai dar, quando regressar.


Talvez por lhe achar graça ou por saber que a ligação desses dois seres não acabava ali, o Senhor atendia-lhe o pedido ou pelo menos parecia escutá-lo.


E a namoradeira agradecia alegremente, o retorno do bem-amado e dos seus paparicos costumeiros.

À terceira separação, uma amiga não tão bela como ela, apiedou-se do coitado:


- O teu marido é tão boa pessoa…


Não querendo mostrar parte fraca, respondeu-lhe:


- Já não o quero. Fica com ele se quiseres. Até te agradeço!


E contou-lhe tudo o que agradava ao ex-marido, escondendo uma ou outra coisa, não fosse querê-lo de novo.


E o antigo marido, apegou-se à meiga e doce amiga da ex-mulher, tendo ficado com ela a viver.


E a grande namoradeira abriu os olhos tarde: ele não regressou, já gostava da sua amiga, mas confessou não ter conseguido deixar de gostar dela também. Hoje vivem os três juntos, em plena harmonia e a única coisa que mudou, foi o nunca mais terem ido à igreja, com receio de que ela lhes caia em cima.

Quem os vê já não estranha, vê-los a passear os três, de mãos dadas e sempre unidos.


Jorge C. Chora

23/07/2021



segunda-feira, 19 de julho de 2021

FORA COM A PANDEMIA

Num país onde a saudade

se sente e não se disfarça,

ninguém esconde tê-la

de quem se gosta e ama.


Não vale a pena fingir,

neste momento difícil e incerto,

não ter saudades

do tempo onde ninguém escondia

o prazer de conviver e amar em liberdade.

Vai-te embora ó pandemia!

Queremos ver os lábios nus,

libertos de tapumes e mascarilhas,

pronunciando palavras claras,

verdadeiras pérolas num oceano,

pescando ideias e namoros.


Jorge C. Chora

19/07/2021







sexta-feira, 16 de julho de 2021

O BAZÓFIO


Quem não conhece um bazófio ?

Gaba-se de tudo fazer,

mas pouco faz ou fez,

daquilo que disse ou diz.

É como a codorniz,

não condiz,

com um ovo de avestruz

e no entanto diz:

fui eu que o pus!

O que faz ou fez,

como ajudar os outros,

são patranhas pueris,

só a ofereceu

a quem nunca precisou

ou a quem não a quis,

aos necessitados,

fugiu deles como

o diabo da cruz.

Só oferece algo,

quando tira partido,

por cada orelha dada,

recebe uma junta de bois!

O bazófio é um traste,

igual a tantos outros,

que uns dias dizem ter tudo

e noutros nada ter,

conforme o que querem obter.

Gosta de passar por santo,

mas passa a perna a quem pode,

e quando o descobrem, acusa:

- São uns invejosos.

Quanto a mulheres, teve-as todas,

no seu dizer, claro!

Olhem, aí está ele, todo empáfia,

servil e falso humilde, bajulando

os poderosos, sempre pronto a dobrar a cerviz,

a troco de fartas sinecuras, que apregoa

terem sido obtidas com sangue, suor e lágrimas.

Um traste o bazófio! Não dá ponto sem nó.

E jura ser verdade tudo o que diz,

não pela sua saúde,

mas pela dos outros e dos conhecidos.

Jorge C. Chora

16/07/2021

quarta-feira, 14 de julho de 2021

A CADEIRA


Herdei-a, já cambada do muito uso. Era de balanço, em cerejeira, com a palhinha esgaçada e já não suportava o peso de ninguém.

Passei por uma pequena oficina, de aspeto duvidoso, habitada por um artesão de nariz da cor de tomate, denotando ser amante de vinho carrascão.

Prontificou-se a ir a minha casa e apareceu em tempo recorde. Mirou de modo rápido a habitação, agarrou na cadeira, examinou-a e disse de sua justiça:

- Vale a pena arranjá-la. Dê-me já um sinal…

Desagradou-me a proposta, a rapidez com que foi feita, a ligeireza em pedir adiantada a quantia, na altura bem avultada, pois isto passou-se há cerca de 25 anos.

O não, da minha parte, era certo, mas a paixão pela cadeira e a intervenção da minha mulher, acabou por vencer e tornar o não em sim.

No prazo acordado, passámos pela oficina, que não era muito distante da minha habitação.

Desculpou-se com a falta de material para executar o trabalho, pois ainda não tivera tempo para o comprar.

Como a oficina ficava a caminho da localidade onde íamos todos os dias tomar café, parávamos amiúde, e ouvíamos as mais diversas justificações para a obra não ter sido terminada. Um belo dia, fui recebido com um sorriso e a informação de que já tinha terminado o trabalho. Respirei fundo e entrei para ver a peça. Não estava lá e a argumentação do aldrabão, essa sim, foi uma obra-prima:

- Eu acabei-a mas os gatos rasgaram a palhinha toda! Foi de novo para arranjar…

Olhei-o com a descrença estampada no meu rosto:

-Amanhã quero que me devolva a cadeira e o dinheiro que lhe dei! Já não me interessa o arranjo.

-Só para a semana é que cá estou!

Até hoje. Fechou a oficina e fiquei sem o dinheiro, sem a cadeira e sem as invenções mirabolantes do artesão.

Quando lhe surgirem propostas de reparações semelhantes a esta, fique de pé atrás e aprenda o que lhe pode suceder. Quanto a mim, posso dizer-lhes, caros leitores, que não aprendi porque ainda bem há pouco tempo caí noutra, tendo ficado sem o dinheiro e sem a obra feita e desta vez, por parte de alguém cuja reputação de aldrabão era de todos conhecida e a quem decidira dar uma oportunidade.

Burro velho não aprende línguas.


Jorge C. Chora

14/07/2021








sexta-feira, 9 de julho de 2021

POIS É !

Querer pão

não é crime,

sem o ganhar,

já pode ser.

Sem o ter

e a trabalhar,

é duplo crime

e não pode acontecer,

pois sem comer

ninguém trabalha

e quem trabalha quer comer.

Se não for assim,

como hão de comer,

os que comem

sem merecer?


Jorge C. Chora

9/07/2021



quarta-feira, 7 de julho de 2021

AMAR AO LUAR


Por onde andas ó luar?

Quero meu amor mirar,

os seus seios admirar,

acariciá-los com o meu olhar.


A sua silhueta quero ver,

recortada pelo luar,

abraçada pelo anoitecer

para melhor a amar.


Deixa-a, amiga lua,

sentir o meu olhar,

render-se ao meu desejo,

e seu pudor resguardar.


Jorge C. Chora

7/07/2021








domingo, 4 de julho de 2021

A SOCIEDADE

Eram três os sócios dedicados ao negócio da venda ambulante de jogos. O primeiro conseguia ver, mas mal andava; o segundo andava, mas mal via, e o terceiro andava depressa, mas ouvia mal. Juntos vendiam bilhetes de lotaria como pães quentes.

Num relance, ao longe, o primeiro identificava os interessados e gritava-lhes:

-Vamos já aí…

O segundo, passados uns breves minutos, para não deixar arrefecer a promessa, anunciava:

-Estamos a chegar…

E o terceiro, o ligeiro do grupo, ao chegar mais rápido do que os sócios assenhoreava-se da atenção dos eventuais compradores:

-Aqui estamos… - e tagarelava, dando tempo a que ao amigos chegassem.

E o jogo ia-se vendendo, à mistura com a conversa fiada, anedotas já com barbas e risota assegurada.

O trio tinha a vida assegurada até que um dia, insatisfeitos com os proventos divididos por todos, decidiram desfazer a sociedade e venderem cada um por si.

O que via bem identificava os potenciais clientes mas era coxo, quando lá chegava, já os compradores se tinham ido embora ou se estavam a levantar e nada lhe compravam. O segundo o que mal via, ao abordar os eventuais clientes, perguntavam-lhe muitas vezes:

- Mas quem é que te chamou? Não vês que estamos também a vender o mesmo que tu?

Quanto ao terceiro, coitado, brincavam com ele amiúde:

- Onde vais com tanta pressa? Vai correr para outro lado.

E quando finalmente se reuniam, na esplanada onde costumavam vender, para discutirem a reativação da parceria, arrepiaram-se ao ouvir uma voz que anunciava:

- Vamos já aí...

- Estamos a chegar… -disse uma segunda.

- Aqui estamos - referiu um magricela, junto deles, com uma grande quantidade de bilhetes de lotaria na mão.

E quando o escanzelado se preparava para contar as anedotas, o grupo berrou:

- Fora daqui!


Jorge C. Chora

4/07/2021






quinta-feira, 1 de julho de 2021

A ADOLESCENTE TRINTONA

 

Um dia destes, vi uma mota de grande cilindrada, com duas rodas dianteiras. Com três rodas, só conhecia este tipo de veículos em tamanho pequeno ou melhor dizendo, de pequena cilindrada, pois como se depreende, pouco sei sobre motas.

Parei a apreciá-la e dei comigo a pensar que o seu preço deveria, talvez, ser bem mais dispendioso do que as normais de duas rodas.

Anichada na mota estava uma jovem adolescente, com o capacete ao lado. Resolvi perguntar-lhe se a minha suposição em relação ao preço estaria correta, pois sei que a juventude é perita neste tipo

de transporte e pouco ou nada lhes escapa.

Sorriu e esclareceu-me de um modo sucinto, mostrando-me o seu detalhado conhecimento sobre o assunto.

Despedi-me e desejei-lhe uma espera breve pelo pai, pois à porta das finanças, sem quase ninguém

na repartição, deveria despachar-se depressa e livrar-se do calor que fazia.

Ela sorriu, bem humorada e corrigiu:

- Estou à espera do meu marido…

Olheia-a, indeciso, tentando perceber se a miúda brincava.

Ela percebeu a minha dúvida e resolveu esclarecer-me, dando uma pequena gargalhada:

- Olhe que eu tenho trinta anos…

Voltei a observá-la e achei, sem margem para dúvidas, que a gaiata acordara bem disposta e com vontade de brincar, mas enganei-me redondamente:

- Não tenho culpa de ter trinta anos…

Aí achei que o marido tinha como companhia uma eterna adolescente. Imaginei-o daí a uns anos, já velho, abraçado a uma mulher ainda menina e todos a pensarem:


-Está mesmo gágá! Este não se enxerga! Coitada da miúda...

Jorge C. Chora

1/ 07/2021