Mariana ascendera de modo meteórico na escala social. Fizera-o à custa de amantes bem posicionados. Entre eles, diziam os seus detractores, contavam-se quase todos os poderosos e ricos da cidade, incluindo os mais insuspeitos.
Já entrada em anos, mas ainda com queda para o amor, continuou a oferecer o acesso ao sétimo céu aos mais idosos e bem sucedidos concidadãos, com a arte e sabedoria necessária e adequada ao escalão etário dos seus admiradores.
Mariana acumulou vasto património e grandes influências, de que se serviu para deixar à sua descendência uma vida económica sólida, reforçada pelos casamentos e alicerçada em alianças que soube gizar.
Quando entregou a alma ao criador, não houve entre a nata da sociedade quem não tivesse sentido saudades de Mariana. A sua memória perdurou.
Passados uns anos, uma das netas, desconhecendo a história da sua antepassada, convenceu-se de que terem-na chamado de, “A grande”, envolvia notáveis feitos por ela praticados. Laura, assim se chamava esta descendente, empenhou-se em querer homenagear a sua avó e procurou apoio junto ao pároco da sua freguesia, até porque ela sabia que Mariana fizera inúmeras doações para aquela igreja.
Esforçou-se o bom homem por descobrir o que lhe tinha sido pedido. Nas diligências efectuadas, soube através de um idoso benemérito, a verdadeira razão de ser da grandeza de Mariana. Atrapalhado com o segredo, deu voltas à imaginação para descobrir o que dizer a Laura. Resolveu ir adiando,” sine die”, a explicação.
Um belo dia Laura foi ter com ele à igreja, acompanhada do marido e dos seus filhos. O pároco, que era a primeira vez que via o marido, ficou boquiaberto, pois ele teria uns quarenta anos mais do que a mulher:
-Querida Laura, a senhora é a encarnação da sua avó Mariana! Tem de certo a grandeza que ela tinha! Herdou-a…
-Como assim reverendo padre?
-A facilidade em dar-se com os mais sábios, com os mais velhos…a paciência, a arte e o sacrifício em mantê-los felizes…
Jorge C. Chora
segunda-feira, 14 de maio de 2012
terça-feira, 1 de maio de 2012
Vai um cafezito?
Durante três dias consecutivos, na hora de pagar o café da manhã, o cliente estendia-lhe uma nota de cinquenta euros. O senhor do café desculpava-se:
-Ainda é muito cedo. Desculpe-me, mas não tenho troco. Paga para a próxima.
Ao quarto dia, mal o cliente acabou de tomar a bica, o proprietário esboçou um enorme sorriso e cumprimentou-o:
- Bom dia! Hoje já posso servi-lo. Tive o cuidado de ter o troco para a sua nota…
-Oh! Muitíssimo obrigado. É uma gentileza que agradeço de todo o coração… -e, apresenta-lhe uma nota de quinhentos euros, que o força a oferecer-lhe o quarto café.
No dia seguinte, aguardou ansioso a chegada do homem das notas grandes. Tinha tido o cuidado de ter trocos para todas as situações. Ao meio-dia ainda aguardava a sua chegada. Nunca mais lá apareceu nem deu notícias.
Dois anos depois, viu-o entrar e reconheceu-o:
-Então por onde tem andado?
-A arranjar dinheiro trocado para lhe facilitar os trocos – e despeja um saco cheio de cêntimos em cima do balcão, ordenando – pague-se do que lhe devo e dê-me mais uma bica, um bolo e um maço de tabaco!
Nesse momento entraram no estabelecimento os homens da drogaria e o do talho, acompanhados pelo merceeiro que ao verem o monte de moedinhas exclamaram:
-Que jeito nos davam uns troquinhos…
-Se me ajudassem a contá-lo…tenho o café cheio – propôs o dono do café, enquanto continuava a atender.
Logo ali o talhante procedeu à divisão dos cêntimos em quatro montes, distribuindo um a cada um, incluindo o freguês a quem pertencia o saco, com uma recomendação:
-Isso bem contado!
Feitas as contagens e trocados os cêntimos por notas, o dono do café ficou de imediato com uma delas que, por mero acaso, correspondia à dívida total do forasteiro.
Em frente ao cavalheiro que trouxera os cêntimos, sobejou o seu respectivo monte, que a ninguém interessou, por já terem trocos suficientes.
Furioso e irritado com a tarefa que acabara de concluir e por ter de ficar de novo com muitas moedinhas, ainda teve de agradecer o convite que lhe foi dirigido pelo dono do café:
-Vai agora um cafezito?
Jorge C. Chora
-Ainda é muito cedo. Desculpe-me, mas não tenho troco. Paga para a próxima.
Ao quarto dia, mal o cliente acabou de tomar a bica, o proprietário esboçou um enorme sorriso e cumprimentou-o:
- Bom dia! Hoje já posso servi-lo. Tive o cuidado de ter o troco para a sua nota…
-Oh! Muitíssimo obrigado. É uma gentileza que agradeço de todo o coração… -e, apresenta-lhe uma nota de quinhentos euros, que o força a oferecer-lhe o quarto café.
No dia seguinte, aguardou ansioso a chegada do homem das notas grandes. Tinha tido o cuidado de ter trocos para todas as situações. Ao meio-dia ainda aguardava a sua chegada. Nunca mais lá apareceu nem deu notícias.
Dois anos depois, viu-o entrar e reconheceu-o:
-Então por onde tem andado?
-A arranjar dinheiro trocado para lhe facilitar os trocos – e despeja um saco cheio de cêntimos em cima do balcão, ordenando – pague-se do que lhe devo e dê-me mais uma bica, um bolo e um maço de tabaco!
Nesse momento entraram no estabelecimento os homens da drogaria e o do talho, acompanhados pelo merceeiro que ao verem o monte de moedinhas exclamaram:
-Que jeito nos davam uns troquinhos…
-Se me ajudassem a contá-lo…tenho o café cheio – propôs o dono do café, enquanto continuava a atender.
Logo ali o talhante procedeu à divisão dos cêntimos em quatro montes, distribuindo um a cada um, incluindo o freguês a quem pertencia o saco, com uma recomendação:
-Isso bem contado!
Feitas as contagens e trocados os cêntimos por notas, o dono do café ficou de imediato com uma delas que, por mero acaso, correspondia à dívida total do forasteiro.
Em frente ao cavalheiro que trouxera os cêntimos, sobejou o seu respectivo monte, que a ninguém interessou, por já terem trocos suficientes.
Furioso e irritado com a tarefa que acabara de concluir e por ter de ficar de novo com muitas moedinhas, ainda teve de agradecer o convite que lhe foi dirigido pelo dono do café:
-Vai agora um cafezito?
Jorge C. Chora
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