domingo, 29 de abril de 2018

SABORES A MAR




São belas
e saborosas
como as suas
irmãs
setubalenses,
acolhendo
na sua humidade
sonhos
de uma vida,
tremores
criadores,
forças
vulcânicas,
amores
inesquecíveis,
sabores a mar.

Jorge C. Chora

  29/4/2018


quarta-feira, 25 de abril de 2018

A LIBERDADE



A liberdade é a flor mais bela
que Abril nos deu.
Deixá-la murchar,
por lhe regatearmos
adubo e alimento,
é abrirmos caminho
ao regresso da mordaça
e da cegueira,
dar azo àquela” liberdade”
dos que recusam o respeito
e amam a sociedade sem regras
e sem solidariedade,
que só favorece os déspotas,
serve objectivos inconfessáveis
e é apanágio das ditaduras.
Não esqueçamos o mais belo
que Abril nos deu:
A LIBERDADE

Jorge C. Chora
25/4/2018
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O SUMO



Anda na rua com pés de lã. Sem dar por ele, estava à frente de um desconhecido, mal este se sentou no café. Limpo e bem vestido, pediu-lhe com bons modos e cara triste:

-Paga-me um sumo?- e o senhor anuíu.

 Para si, pediu uma bica e ficou-se por aí, que o dinheiro só cai do céu para alguns. Solicitou a conta e ela veio, mais escaldada do que uma sopa feita ao lume.

-Mas que conta é esta? A bica está bem! Agora o sumo …há um valente erro!

-O senhor não ofereceu um sumo ao homem que saíu há bocado?

-Sim…e um sumo custa tudo isso?

Mas o homem bebeu um sumo natural. Ele só bebe sumos naturais.
Engoliu em seco, pagou e durante quatro dias passou em branco o seu habitual café da tarde.
O mais curioso nesta história é que ela é real ! Fica a saber que se um indivíduo, ainda jovem, limpo e bem vestido lhe pedir um sumo, lhe deverá perguntar:

-Natural ou dos outros?

Jorge C. Chora
25/4/2018




segunda-feira, 23 de abril de 2018

LIVROS



São alicerces,
paredes,
divisões,
andares,
e tectos
com que
nos vamos construindo,
dos pés à cabeça,
quiçá, até ao céu.

Jorge C. Chora
  23/4/2018

sexta-feira, 20 de abril de 2018

SIMPLICIANA



Se Simpliciana não nasceu bela, o nome que lhe deram só desajudou. Embora não fosse linda, também não era feia, até ao momento em que lhe perguntavam como se chamava.
-Simpliciana! Quem teve a ideia de a chamar assim?

-O meu padrinho, que se chamava Simplício…

Calavam-se os amigos. Os que não eram, aproveitavam para fazer chacota:

-Simpliciana, a que nunca será bela, nem por ela nem pelo nome que lhe deram…

Havia outro sinal que a marcava: uma pequena sinal, do lado esquerdo do rosto, acima do queixo.
Cresceu e o seu pequeno sinal tornou-se na imagem diferenciadora. Tornou-se bela e o nome foi abreviado para Simply.

Simply despertava a atenção da rapaziada e as paixões dos mais velhos.
Um dia tirou o sinal. Voltou o seu pesadelo: em vez do seu nome abreviado, passou a ser chamada pelo seu verdadeiro nome:

-Ó Simpliciana! Cansaste-te de ser bela?

Dias depois, voltaram a chamá-la de Simply, quando surgiu com um falso sinal, imitando o que tirara.

Jorge C. Chora
20/4/2018





sexta-feira, 13 de abril de 2018

KEILA


De terras quentes
e belas,
tal como ela,
veio a doce Keila,
feita de mel e simpatia,
banhada pela lua,
em dia de maré cheia,
que foi quem nos trouxe
a bela Keila.

Jorge C. Chora
12/4/2008



quarta-feira, 11 de abril de 2018

AS MULHERES E AS PÉTALAS



As mulheres são flores únicas ,
à medida que perdem as pétalas,
mostram toda a sua beleza e esplendor,
são flores que florescem
enquanto aquelas fenecem.

Jorge C. Chora
11/4/2018

terça-feira, 10 de abril de 2018

O AROMA DAS DEUSAS



As deusas têm o aroma
a pomares e roseirais.
A rosas, quando os seus cabelos
ondulam ao vento,
a laranjas se nos aproximarmos
dos seus alvos rebentos,
mas os mais inebriantes
e promissores são os
dos frutos do paraíso,
que emanam dos seus encantados
e quase inacessíveis
jardins secretos.

Jorge C. Chora
10/4/2018


domingo, 8 de abril de 2018

OS AFRANCESADOS


  Em tempos que já lá vão, muitos achavam que, só o que era estrangeiro era bom. Na época, a língua francesa ainda estava na moda, assim como a cultura e os produtos da mesma origem.
Uma boa parte dos nacionais tinha familiares a trabalharem naquele país e diziam à boca cheia:

-Tenho inúmeros familiares a viverem em Paris…vivem lá há imenso tempo…numa casa apalaçada…

O que se esqueciam de dizer era que a casa, era dos patrões…adiante, pormenores de pequena monta.
Nabo e Coelho, velhos conhecidos, trabalhavam na restauração e achavam que os seus nomes não lhes traziam uma importância por aí além e resolveram afrancesar-se.
O senhor Nabo baptizou-se como monsieur Nabeais e o outro como monsieur Lapin.
Montaram um restaurante” trés chic”:  Nabeais et Lapin. A ementa, de acordo com as boas regras, era escrita em francês, em letras garrafais, e em português, em letrinhas minúsculas.
O Cenoura, colega de escola de ambos, ao descobrir os novos nomes dos antigos condiscípulos, resolveu divertir-se às suas custas. Irrompeu no restaurante, mas quando se preparava para abrir as goelas, verificou que os amigos se encontravam rodeados por várias senhoras. Parou, indeciso, e foi visto pelos afrancesados que exclamaram:

-Amigo Carotte, há quanto tempo não nos víamos. - e voltaram-se para as senhoras e apresentaram-no formalmente -O nosso amigo de longa data, monsieur Carotte …

E o Cenoura, após as apresentações, honrando o reencontro:

-Há quanto tempo não nos víamos meus bons amigos Nabeais e Lapin… que saudades daqueles tempos em que degustávamos coelho com nabos e cenouras….

Jorge C. Chora
   8/4/2018




segunda-feira, 2 de abril de 2018

LIVROS PARA CRIANÇAS


São almofadas
que amparam
e despertam
os teus sonhos,
nuvens que te transportam
ao reino dos elefantes voadores
ou dos gatos que cantam miando,
viagens em terra,
no ar e no mar,
no conforto da tua caminha,
com a mão dada,
se quiseres, ao pai e à mãe.


Jorge C. Chora
    2/4/2018