O galo Teobaldo anda
preocupado com os achaques da galinha Mané. Teme que ela entre em depressão e
ele não saiba quais os seus motivos. Ele foi, e é, o seu companheiro de sempre,
o seu confessor, o seu devotado amante e amigo.
As depressões da Mané
assustam-no, pois são frequentes e profundas. E elas duram, duram,
ainda mais do que as do reclame das pilhas não sei das quantas! Só passam
depois de descobrir os motivos desses estados de alma arrasadores e enigmáticos.
Depois, é preciso demonstrar-lhe, por A mais B, que ela tem todas as razões do
mundo para se sentir feliz.
-O que te aflige linda Mané? Perdeste dinheiro no BPN ou no
Espírito Santo?
Ela sorri e acena que não com cabeça.
-Então, se não foi dinheiro, o que poderá ser? Será que
precisas de mais carinhos meus? Sabes que adoro dá-los….
-Sossega querido Teobaldo
… são tontarias minhas, nada, mas nada, que implique falhas tuas…
-Então não pode ser nada de grave… espero eu…
A galinha Mané não era insensível ao sofrimento do seu
Teobaldo e, pode ser que não acreditem, mas faria tudo para o ver sorrir.
Resolveu confessar-lhe os motivos da sua enormíssima preocupação:
-Como sabes querido Teobaldo, como galinha poedeira que sou,
ainda ponho ovos. Muitos por sinal! E bem lindos!
-Sou testemunha disso! – exclamou o galante Teobaldo.
-Pois bem, não me sai da cabeça que um dia destes ainda me
aconteça começar a pô-los quadrados ou, às vezes, imagina só, triangulares!
-Ó minha querida Mané, sempre foste péssima, perdão…algo
menos forte a geometria e, portanto, dessa estás livre…
-O bico da galinha Mané tremeu de emoção: sentiu as suas
preocupações esfumarem-se de imediato.
-E, para além disso, mesmo que conseguisses pô-los quadrados
ou triangulares, isso seria óptimo para os nossos netos brincarem!
-E achas que não consigo? - questionou-o, com o ar mais triste do mundo.
Entretanto, piscava o olho às amigas e estendia a pequena crista
para receber os mimos do seu Teobaldo.
Jorge C. Chora