A cabra escoiceia, furiosa, entrincheirada no seu reduto pedregoso, a intrusa que lhe quer ocupar o espaço. Um assobio estridente, agressivo, cortante, põe termo à refrega.
Pararam as cabras, com os pêlos eriçados, ao som do assobio do pastor Aníbal. O sardão que há horas se aquecia ao sol, sente que o sangue se lhe esfria num ápice. Terá de voltar a expor-se, de novo, ao calor solar para readquirir a temperatura perdida.
Aníbal tem o condão de ser obedecido. Obedecem-lhe os cães, os lobos, as cabras, mesmo as mais renitentes e ainda não nasceu quem lhe possa desobedecer.
Como não há regra sem excepção, só um animal nunca lhe mostrou medo, muito menos lhe obedeceu e, até obrigou Aníbal a estar de atalaia: um lobo acinzentado, sempre pronto a arreganhar os dentes e a mostrar o seu mau humor.
O único prazer de Aníbal era tocar flauta. Ninguém lhe ensinou. Começou por imitar o vento, o trovão, o farfalhar das folhas acariciadas pela brisa, a sua agitação em dias de tormenta, o bater das asas dos descarados pardais, os ataques das águias e milhafres…
Da sua flauta saíam sons que abraçavam a Primavera, repudiavam o Inverno, acompanhavam o baloiçar das folhas que caiam e chapinhavam nas águas frescas, frequentadas pelas deusas encaloradas das fontes.
Nestas ocasiões, o lobo aproximava-se. Sentava-se sempre do lado direito de Aníbal, sem qualquer receio. Por sua vez, o pastor sentia-se em paz, ladeado por aquele espectador tão especial, seu irmão indomável.
Mal estes momentos acabavam, arreganhavam os dentes um ao outro e partiam para as suas vidas.
Passaram-se os anos e o lobo, trôpego, escanzelado dirige-se para o lado direito de Aníbal. Este estranha. Não está a tocar. Percebe ou julga perceber o que está a acontecer.
Tocou como nunca. A seu lado o lobo sonhou que voltara a ser jovem, a perseguir as suas presas, a correr pelos montes…
Aníbal acabou de tocar. Olhou para o lobo. O seu amigo estava deitado e não mais arreganharia o dente a ninguém.
Jorge C. Chora
terça-feira, 25 de maio de 2010
sexta-feira, 21 de maio de 2010
O Manitas d`Oiro
O seu pai era pianista e a mãe guitarrista. Bom, nem sempre foi assim: umas vezes trocavam e a mãe ficava ao piano e o pai à guitarra.
Filho de quem era, alcunharam-no, logo à nascença, de Manitas d`Oiro. Nem outra coisa se admitiu ou se poderia colocar como hipótese, até porque os avós de ambos os lados se dedicavam, como amadores, à música.
Credenciais com este peso poucos as podiam apresentar e vai daí a atribuição deste nome, que à partida coroaria um artista de eleição, no fim da carreira.
Manitas fez jus ao nome e às esperanças que nele depositaram? Sim e não. Mau. Parece que temos discurso político! Fez ou não fez?
Os anos correram lentos, arrastados, direi mesmo, de modo penoso:
-Manitas vai estudar… - ordenavam os pais.
-Sim …vou já… -e as horas passavam -se sem que ele se mexesse.
Alvo da chacota de colegas da mesma idade, dos mais velhos e, espantem-se, dos mais novos, torturavam -no sempre que podiam:
-Ó Manitas quando nos mostras o oiro?
-Ó Manitas dá-me o oiro…
-Ó Manitas já roubaste o oiro?
-Ó Manitas…. - e diziam-lhe o que lhes vinha à cabeça.
Manitas respondia -lhes à letra ,mas com uma bonomia tal, que quase os incentivava a continuar.
A descrença nas suas capacidades foi-se agudizando à medida que o tempo passava. Ele não tinha sucesso nos estudos ,para a música era uma negação, para o desporto nem se fala.
Passou a Coitado. O Coitado isto, aquilo e aqueloutro…
Um belo dia pediu aos pais dinheiro para se inscrever num curso. Deram-lho sem sequer perguntarem qual era.
Ia às aulas, trancava-se no quarto e estudava .Só aos pais disse que pretendia ser massagista e estes apoiaram-no.
Estabeleceu-se e a sua “arte” foi sendo elogiada e reconhecida. Hoje, os que o conhecem, recomendam-no a quem tem dores:
-Só O Manitas d`Oiro te pode livrar disso!
Caso o caro leitor estivesse à espera de um desfecho miserabilista, de acordo com os tempos que correm, desengane-se: ainda pode haver histórias de sucesso. Não acredita? Vá buscar uma lupa, muna-se de um potente foco e procure. Caso não encontre, é porque não o fez de acordo com as regras. Quais regras? Bom, aí é que a porca torce o rabo…mas que as há …
Jorge C. Chora
Filho de quem era, alcunharam-no, logo à nascença, de Manitas d`Oiro. Nem outra coisa se admitiu ou se poderia colocar como hipótese, até porque os avós de ambos os lados se dedicavam, como amadores, à música.
Credenciais com este peso poucos as podiam apresentar e vai daí a atribuição deste nome, que à partida coroaria um artista de eleição, no fim da carreira.
Manitas fez jus ao nome e às esperanças que nele depositaram? Sim e não. Mau. Parece que temos discurso político! Fez ou não fez?
Os anos correram lentos, arrastados, direi mesmo, de modo penoso:
-Manitas vai estudar… - ordenavam os pais.
-Sim …vou já… -e as horas passavam -se sem que ele se mexesse.
Alvo da chacota de colegas da mesma idade, dos mais velhos e, espantem-se, dos mais novos, torturavam -no sempre que podiam:
-Ó Manitas quando nos mostras o oiro?
-Ó Manitas dá-me o oiro…
-Ó Manitas já roubaste o oiro?
-Ó Manitas…. - e diziam-lhe o que lhes vinha à cabeça.
Manitas respondia -lhes à letra ,mas com uma bonomia tal, que quase os incentivava a continuar.
A descrença nas suas capacidades foi-se agudizando à medida que o tempo passava. Ele não tinha sucesso nos estudos ,para a música era uma negação, para o desporto nem se fala.
Passou a Coitado. O Coitado isto, aquilo e aqueloutro…
Um belo dia pediu aos pais dinheiro para se inscrever num curso. Deram-lho sem sequer perguntarem qual era.
Ia às aulas, trancava-se no quarto e estudava .Só aos pais disse que pretendia ser massagista e estes apoiaram-no.
Estabeleceu-se e a sua “arte” foi sendo elogiada e reconhecida. Hoje, os que o conhecem, recomendam-no a quem tem dores:
-Só O Manitas d`Oiro te pode livrar disso!
Caso o caro leitor estivesse à espera de um desfecho miserabilista, de acordo com os tempos que correm, desengane-se: ainda pode haver histórias de sucesso. Não acredita? Vá buscar uma lupa, muna-se de um potente foco e procure. Caso não encontre, é porque não o fez de acordo com as regras. Quais regras? Bom, aí é que a porca torce o rabo…mas que as há …
Jorge C. Chora
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Que azar!
A festa foi pantagruélica. Os convites foram entregues, com a devida antecedência, às figuras gradas do povoado.
A vaca era desmesurada, tenra, suculenta. O espeto em que foi assada teve de ser feito.
Prepará-la foi o cabo dos trabalhos, tendo de ser chamados especialistas para o efeito.
Durante dias banquetearam-se, até enjoarem o pitéu, e concluírem que não conseguiam comê-la toda.
Reuniram-se e decidiram que mais valia partilhar o que sobrava ou tinham de deitar fora o que ainda havia.
As portas do recinto da festa foram abertas de par em par. As pessoas acotovelavam-se, desconfiadas de que o pouco que ainda havia não dava para todos.
A desconfiança era justificada. Alguns felizardos conseguiram, com recurso a empurrões, caneladas e sopapos, afastar os famélicos concorrentes.
Uns gramas de carne e fortes dores nas glândulas salivares foram o que conseguiram.
Mal a festa acabou, os vendedores da vaca apresentaram uma conta astronómica, justificada pela qualidade da vaca, pela forma como fora alimentada, pelas mordomias que lhe tinham sido prodigalizadas: passeios, massagens à japonesa para que a carne fosse tenra, cerveja misturada nos alimentos…
Reuniram-se de novo e decidiram, devido ao preço a pagar, que por uma questão de equidade, todos os habitantes do povoado deviam participar no esforço de pagamento.
Os que nem sequer tinham cheirado a vaca rebelaram-se:
-Que história é essa?
- Vivemos em comunidade, logo temos de fazer um esforço colectivo! - gritaram exacerbadas as figuras gradas.
-Vocês comem e nós é que temos a indigestão? – escandalizaram-se os deserdados do pitéu.
O pior é que, anos a fio, a cena se repetiu e as despesas a dividir foram cada vez maiores.
Hoje, o povo apresentou na assembleia municipal uma proposta para a alteração do nome do povoado: Tresanda a vaca!
Jorge C. Chora
A vaca era desmesurada, tenra, suculenta. O espeto em que foi assada teve de ser feito.
Prepará-la foi o cabo dos trabalhos, tendo de ser chamados especialistas para o efeito.
Durante dias banquetearam-se, até enjoarem o pitéu, e concluírem que não conseguiam comê-la toda.
Reuniram-se e decidiram que mais valia partilhar o que sobrava ou tinham de deitar fora o que ainda havia.
As portas do recinto da festa foram abertas de par em par. As pessoas acotovelavam-se, desconfiadas de que o pouco que ainda havia não dava para todos.
A desconfiança era justificada. Alguns felizardos conseguiram, com recurso a empurrões, caneladas e sopapos, afastar os famélicos concorrentes.
Uns gramas de carne e fortes dores nas glândulas salivares foram o que conseguiram.
Mal a festa acabou, os vendedores da vaca apresentaram uma conta astronómica, justificada pela qualidade da vaca, pela forma como fora alimentada, pelas mordomias que lhe tinham sido prodigalizadas: passeios, massagens à japonesa para que a carne fosse tenra, cerveja misturada nos alimentos…
Reuniram-se de novo e decidiram, devido ao preço a pagar, que por uma questão de equidade, todos os habitantes do povoado deviam participar no esforço de pagamento.
Os que nem sequer tinham cheirado a vaca rebelaram-se:
-Que história é essa?
- Vivemos em comunidade, logo temos de fazer um esforço colectivo! - gritaram exacerbadas as figuras gradas.
-Vocês comem e nós é que temos a indigestão? – escandalizaram-se os deserdados do pitéu.
O pior é que, anos a fio, a cena se repetiu e as despesas a dividir foram cada vez maiores.
Hoje, o povo apresentou na assembleia municipal uma proposta para a alteração do nome do povoado: Tresanda a vaca!
Jorge C. Chora
sábado, 8 de maio de 2010
O remédio do Mindo
Mindo é homem de muitas viagens. Viajou e trabalhou a bordo dos navios nórdicos. Serviu no bar, aturou este mundo e o outro, viu e calou muita coisa. Entre Cabo Verde, os países do Norte da Europa e o resto do mundo foi ganhando calo e uma filosofia própria e adequada a cada um e às circunstâncias.
Em terra ao fim de uns anos, montou um bar. Sabe com rigor o que os clientes querem.
Atrás do balcão vê um patrício seu .Como é evidente, sabe o que ele deseja, e dá-lhe conversa:
-Está um vento que até nos põe a cabeça zonza …
-É verdade… tem aí o remédio?
-Claro - responde Mindo enquanto agarra no garrafão de grogue, que lhe escorrega da mão, mas logo consegue agarrá-lo com firmeza.
Enquanto isto se passou, a clientela repreendeu-o:
-Bô (você) tem de ter cuidado…
-Dá cá mais um antes que partas…e não fique nenhum…
Mindo volta ao ataque:
-Então e você compadre está melhor dos dentes?
-Nem por isso Mindo. Um grogue daquele para melhorar.
Dá um relance pela pequena sala. Está tudo nos conformes. Zé do gorgomilo alto,bochecha e dirige-se à porta , faz menção de deitar fora o grogue com que diz estar a desinfectar a garganta: o chão está mais seco do que o da ilha do Mindo.
No canto esquerdo da sala, está sentado oTreme-Treme,que está sempre com frio e ordena:
-Mindo, o meu copo está vazio…
-Estou a caminho…
Ao som da “sodade” de Cesária Évora, a clientela vai-se meneando e escorropichando
grogues. Exige que Mindo beba também um.
-Como não estou doente bebo à saúde e às melhoras de todos - e tira de baixo do balcão um copo,supostamente de grogue, previamente cheio de água, que bebe de um gole, e estala a língua com satisfação,enquanto diz - ah! grande remédio!
Jorge C. Chora
Em terra ao fim de uns anos, montou um bar. Sabe com rigor o que os clientes querem.
Atrás do balcão vê um patrício seu .Como é evidente, sabe o que ele deseja, e dá-lhe conversa:
-Está um vento que até nos põe a cabeça zonza …
-É verdade… tem aí o remédio?
-Claro - responde Mindo enquanto agarra no garrafão de grogue, que lhe escorrega da mão, mas logo consegue agarrá-lo com firmeza.
Enquanto isto se passou, a clientela repreendeu-o:
-Bô (você) tem de ter cuidado…
-Dá cá mais um antes que partas…e não fique nenhum…
Mindo volta ao ataque:
-Então e você compadre está melhor dos dentes?
-Nem por isso Mindo. Um grogue daquele para melhorar.
Dá um relance pela pequena sala. Está tudo nos conformes. Zé do gorgomilo alto,bochecha e dirige-se à porta , faz menção de deitar fora o grogue com que diz estar a desinfectar a garganta: o chão está mais seco do que o da ilha do Mindo.
No canto esquerdo da sala, está sentado oTreme-Treme,que está sempre com frio e ordena:
-Mindo, o meu copo está vazio…
-Estou a caminho…
Ao som da “sodade” de Cesária Évora, a clientela vai-se meneando e escorropichando
grogues. Exige que Mindo beba também um.
-Como não estou doente bebo à saúde e às melhoras de todos - e tira de baixo do balcão um copo,supostamente de grogue, previamente cheio de água, que bebe de um gole, e estala a língua com satisfação,enquanto diz - ah! grande remédio!
Jorge C. Chora
quinta-feira, 6 de maio de 2010
O Capeta envergonhado
Ninguém sabe ao certo quem o homem é. O que se sabe, e isso todos o afiançam, é que ele é como o fado: nasceu sabe-se lá onde, se em África ou no Brasil, suspeita-se também de que numa rua de Alfama, de uma mulher vivida e falada. Certeza, certezinha, é que vive cá, que aqui se fez e se faz.
Cresceu sem eira nem beira e especializou-se nas trapalhices de todo o género. Aprendeu o que não devia e irmanou-se ao desenrascanço. Não anda, desliza, ginga como um bailarino, serpenteia como uma surucucu e dá o bote quando menos se espera.
Esperam-no na feira da Ladra. Tem dívidas. Um ror delas, contraídas ao jogo, em farras e actividades pouco recomendáveis.
-As dívidas são sagradas…- ameaça de sobrolho franzido o Capeta- em representação do chefe.
- Verdade mais sólida e incontestável não há… dívidas são dívidas, são sagradas, nunca falaste tão bem… - respondeu-lhe o Maganão maneando as ancas, como um pugilista preste a atacar o adversário.
- Então vens para acertar as contas…não era sem tempo… - fungou, sobranceiro.
- Venho propor-te um jogo. Caso ganhes, fico a dever-te o dobro. Se eu ganhar, fico com a dívida paga…
- O chefe não aceita jogos…
-Mas ó chefe… neste momento o chefe és tu… estás é com medo dele … - arriscou o devedor.
- Medo? – e o Capeta, inchou o peito e concluiu - é coisa que nunca tive…
A mesa de jogo foi improvisada em cima de um caixote. Ainda o discípulo do demo não tivera tempo de piscar um olho e as cartas viciadas do Maganão ditaram-lhe não uma, nem duas, mas precisamente três derrotas.
Pediu a desforra e o Maganão, liberal, destilando mais veneno que a surucucu de quem era irmão, concedeu-lha:
-É um direito de quem perde, ter a possibilidade de desforra.
Seguiram-se mais duas derrotas do Capeta. O Maganão atirou-lhe:
-As dívidas são sagradas… tens uma semana para me pagares. Caso não me pagues, os juros serão diários…
Há quem tenha visto o Capeta a sair da igreja e tenha escutado o seu pedido ao Senhor:
- Peço-te, Senhor, que me reconduzas ao estatuto de anjinho … mais merecedor do que eu não há …
Jorge C. Chora
Cresceu sem eira nem beira e especializou-se nas trapalhices de todo o género. Aprendeu o que não devia e irmanou-se ao desenrascanço. Não anda, desliza, ginga como um bailarino, serpenteia como uma surucucu e dá o bote quando menos se espera.
Esperam-no na feira da Ladra. Tem dívidas. Um ror delas, contraídas ao jogo, em farras e actividades pouco recomendáveis.
-As dívidas são sagradas…- ameaça de sobrolho franzido o Capeta- em representação do chefe.
- Verdade mais sólida e incontestável não há… dívidas são dívidas, são sagradas, nunca falaste tão bem… - respondeu-lhe o Maganão maneando as ancas, como um pugilista preste a atacar o adversário.
- Então vens para acertar as contas…não era sem tempo… - fungou, sobranceiro.
- Venho propor-te um jogo. Caso ganhes, fico a dever-te o dobro. Se eu ganhar, fico com a dívida paga…
- O chefe não aceita jogos…
-Mas ó chefe… neste momento o chefe és tu… estás é com medo dele … - arriscou o devedor.
- Medo? – e o Capeta, inchou o peito e concluiu - é coisa que nunca tive…
A mesa de jogo foi improvisada em cima de um caixote. Ainda o discípulo do demo não tivera tempo de piscar um olho e as cartas viciadas do Maganão ditaram-lhe não uma, nem duas, mas precisamente três derrotas.
Pediu a desforra e o Maganão, liberal, destilando mais veneno que a surucucu de quem era irmão, concedeu-lha:
-É um direito de quem perde, ter a possibilidade de desforra.
Seguiram-se mais duas derrotas do Capeta. O Maganão atirou-lhe:
-As dívidas são sagradas… tens uma semana para me pagares. Caso não me pagues, os juros serão diários…
Há quem tenha visto o Capeta a sair da igreja e tenha escutado o seu pedido ao Senhor:
- Peço-te, Senhor, que me reconduzas ao estatuto de anjinho … mais merecedor do que eu não há …
Jorge C. Chora
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