A minha neta Caetana
faz hoje, dia de Reis, quatro anos. Francisco, o seu irmão, tinha cinco anos,
quando os pais, baseados numa ecografia, lhe anunciaram o nascimento de uma
menina. Muito sério, pensando no futebol, perguntou:
-E o que é que eu faço com uma menina?
E os pais comunicaram-lhe que, logo à partida, ela lhe traria umas
chuteiras e depois …
Francisco franziu a testinha dos cinco anos e contrapôs:
-Se ela não sabe o que são chuteiras, como é que mas vai dar?
-Isso é segredo… -Justificaram os pais.
No dia em Caetana nasceu, Francisco pulava no quarto e gritava:
-Tenho uma mana chamada Caetana!
Caetana tornou-se uma fã de Francisco. Sempre que ele marca golos nos
jogos em que o Damaiense Futebol Clube entra, na sua classe, é certo e sabido o
chinfrim que ela faz, aos pulos, comemorando os feitos do mano. Se ela gosta ou
não do jogo, ainda não apurei ao certo, mas que adora vê-lo a alojar a bola nas
redes dos adversários, é mais do que evidente, diria mesmo, como ela tem o
hábito de dizer: é óbvio.
Nas inúmeras histórias de que ela é protagonista, lembro-me de uma que
mostra a sua “Real” atitude.
Tinha ela feito três anos há pouco quando, ao descer as escadas ao colo
da avó, que levava também um saco noutro braço, eu me virei para trás e disse à
minha mulher, referindo-me ao saco:
-Olha, dá-me cá essa coisa…
Não tive tempo de explicitar mais nada, pois, num tom simultâneo de
repreensão, surpresa e crítica disparou:
-O quê, a “coisa” sou eu?!
Parabéns, minha Rainha Caetana.
Jorge C. Chora
6/1/2020