quinta-feira, 29 de junho de 2017

O MEL E O FEL


Um pouco de
mel e outro tanto
de fel, todos nós
 desejamos ter:
mel para atrair
e o fel para repelir,
em doses certas,
ajudam-nos a viver
e a acertar.
O pior é quando
a harmonia se quebra
e o desequilíbrio se instala
e passamos a atrair
o que queríamos repelir
e a afastarmos o que
desejávamos possuir.

Jorge C. Chora


quinta-feira, 22 de junho de 2017

OS BOMBEIROS E AS PRECES À CHUVA


Quando castelos de chamas  
desfiguram tudo o que encontram,
vislumbram-se nas clareiras,
pequenas figuras que bailam,
açoitando e combatendo
 o fogo traiçoeiro e vil,
com tudo o que têm à mão.
Floresta dentro,
heróis e heroínas
emergem das labaredas,
sem dar tréguas,
repletos de determinação,
e só param para orar:
amiga chuva,
vê se te apressas,
há aqui vidas
de simples mortais,
e é preciso salvá-las…
esquecendo-se que
eles também,
para além desta vida
não possuem mais nenhuma.



Jorge C. Chora

quinta-feira, 15 de junho de 2017

NÃO TE VÁS!



Não te vás meu amor
 quero-te ao pé de mim.
Moras em mim
tal como eu em ti
e gosto que seja assim,
mão na mão,
a ampararmo-nos um ao outro,
trocando beijos e juras de amor.
Não te vás meu amor,
que te quero ao pé de mim,
mão na mão,
trocando palavras de amor.

Jorge C. Chora


sábado, 10 de junho de 2017

TITO E OS XIXIS PUNITIVOS

                                                   
De olhos esbugalhados, aproxima-se de modo sorrateiro dos fregueses da churrascaria. Roça-se até que a sua presença seja notada. Senta-se e olha para o cliente e amigo. Funga de modo delicado e lambe os beiços. Já disse ao que vinha: quer que partilhem consigo uns bocados do pitéu que estão a saborear.

Até há pouco tempo, a estratégia do Tito, um cão arraçado de pequinês, resultava em cheio. Ossos, pedaços de carne e pipas eram acepipes do seu agrado e que recebia sempre que pedinchava.
A idade e alguns abusos, trouxeram-lhe problemas cardíacos e respiratórios que aliadas à obesidade, lhe interditaram, a pedido expresso do dono, a continuação das comezainas e as doações dos fregueses.

Tito não quer saber de desgraças. Continua a rogar, a seu modo, as iguarias a que se habituou.
Quando não lhas dão, aproxima-se dos sapatos de quem lhe negou os petiscos, alça a perna e urina-lhe o calçado.

É curiosa a dança executada pela clientela quando o Tito está por perto. Esconder os sapatos, desviá-los das mijocas punitivas é o grande objectivo. Nem sempre é conseguido. O que vale é que o cachorro só faz uns pingos já que passa o dia inteiro a alçar a perna.


Jorge C. Chora

quinta-feira, 1 de junho de 2017

PÓZINHOS DE ADUBAR MENINOS


De colo e de beijinhos
vivem as crianças 
de bochechas reluzentes.
Juntem-se-lhes as batatas,
a educação e o respeito,
por elas e pelos outros,
adicionando-lhes alguma
liberdade, temperada de
responsabilidade, e eis
que os teremos, tudo indica,
lhanas, livres e felizes,
como podem ser,
todas as crianças.


Jorge C. Chora