domingo, 23 de dezembro de 2018

DOCE PECADO



 Ela é toda
um doce pecado,
dos carnudos
e belos lábios,
às longilíneas
pernas,
até ao sonho
de tê-las
entrelaçadas à cintura.
Ela é um doce pecado,
um desejo de Ano Novo,
uma prenda de Natal
que fica na mente
e nunca se recebe
para quem tem,
mais olhos do que barriga.
HELÁS!

Jorge C. Chora
23/12/18



sábado, 22 de dezembro de 2018

O NAMORO DA LUA A LISBOA


Baila a lua entre as ameias
do Castelo de S. Jorge,
espreitando a Lisboa natalícia,
desnudada à luz das ornamentações,
deixando ver e ouvir,
as gentes poliglotas que a usufruem,
gingando ao ritmo dos seus diferentes linguajares
reagindo às manifestações musicais
que se ouvem e apreciam,
nas artérias da Baixa Pombalina,
enquanto para as bandas
do Cristo Rei o sol se põe,
permitindo à lua que namore Lisboa
de um modo assaz descarado.

Jorge C. Chora

22/12/18

domingo, 16 de dezembro de 2018

SINTRA DOS AMORES




Entre o céu e a terra,
onde, outrora no seu
vasto território, residiram
tritões e sereias sem cauda,
Sintra embeveceu Strauss e Lord Byron,
acolheu o sacrifício dos frades Capuchos
que, hoje só fariam sentido,
se estes fossem dedicados à magia do amor.

Jorge C. Chora
  16/12/18

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

SINTRA



Aos ais de quem
nela se ama,
acrescem os
de quem a ama.
Ouvem-se ais
oriundos da Pena,
da parte de quem
a seus pés Sintra vê.
De Seteais, ecoam sete,
enquanto só um de dor
se faz ouvir,
no Palácio que na Vila fica,
de um Afonso encarcerado,
que não apaga os de prazer
e encanto, dos que nela se amam
e a amam também.

Jorge C. Chora
13/12/18

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

A LIBERDADE ENGRIPADA




Bateram à porta
e ninguém respondeu.
Tornaram a fazê-lo,
e de novo,
nada se ouviu.
Naquela casa
residira outrora
a liberdade,
dali expulsa pelos donos
do pedaço,
cansados da paz que ali se vivia,
desconhecendo-se agora
quando e onde ela terá nova morada,
para gáudio dos amantes da liberdade engripada.

Jorge C. Chora 

  11/12/18

domingo, 9 de dezembro de 2018

FESTAS FELIZES


AMIGAS(OS)

DESEJO-VOS UM NATAL ACONCHEGADO E UM ANO NOVO CONFORME AOS VOSSOS QUERERES.

JORGE C. CHORA
   9/12/18

A TENTAÇÃO DOS UÍSQUES À BORLA NA QUADRA NATALÍCIA




Nesta quadra são muitos os convívios que se realizam, nomeadamente entre colegas, ex-colegas, amigos, membros de clubes…

Estes convívios acontecem um pouco por todo o lado, da Amadora até aos lugares mais recônditos do país. Convive -se, bebe-se, trocam-se conversas e matam-se saudades.

No final dos festins, há quem peça uns digestivos que vão do uísque à amêndoa amarga, passando pelos licores mais variados. Geralmente estes digestivos são à parte, não estão contratualizados e dependem dos pedidos e vontades de cada um.

No fim, quando se pede a conta, ela é dividida por todos, incluindo os ditos digestivos que só alguns usufruíram.

Não fica bem a quem não os consumiu fazer algum reparo à situação. As pessoas inibem-se e pagam montantes, por vezes elevados, à conta de useiros e vezeiros na estratégia de consumir à conta de outrem.

Se os digestivos são à parte, quem os consome, deve fazer questão em pagá-los. Essa conta nem sequer deve vir mencionada na conta geral, destinada a ser dividida por todos.

Não deixar que outros paguem por aquilo que só nós consumimos, deve ser uma questão de honra e ponto final. Deixe de ser somítico, pague o que tiver a pagar e recuse-se a endossar a sua conta a quem não tem obrigação de o sustentar.

Jorge C. Chora
9/12/18



terça-feira, 4 de dezembro de 2018


A SABEDORIA DO PASTOR ARMANDO AO SERVIÇO DE UM ENGENHEIRO BENEMÉRITO

Armando apascentava um rebanho, em Canhestros, na herdade do Monte Outeiro, Ferreira do Alentejo, pertencente a um famoso engenheiro.

Conta-me o sr. António Camacho, na altura ainda um jovem, que este engenheiro, um dia, foi conversar com o pastor do seu rebanho. Após espetar a sua bengala-banco no solo, sentou-se, pois sofria bastante da coluna. Esteve entretido a conversar até que, ao ver os carneiros a pastarem separados das ovelhas, propôs ao Armando que os juntasse. Assim aconteceu.

Tempos depois, ao visitar o rebanho, verificou que as ovelhas estavam prenhes e exclamou, contente e admirado:

-Não há nenhuma que não esteja! bonito serviço!

O pastor sorriu e sentenciou:

- “Macho com fêmea, só não dá, se for burro com galinha, com uma ribeira a separá-los…”

O eng. Mariano Feio, assim se chamava o senhor, era um benfeitor, de acordo com o meu interlocutor. Resolveu apoiar a Câmara a dotar Ferreira do Alentejo de um crematório e ajudou a pagá-lo também.

O que não se esperava, era que o engenheiro, velho professor universitário, pouco tempo depois de o ver construído, o estreasse também, mas foi o que aconteceu: morreu e inaugurou o crematório, pelo qual se tinha batido e ajudado a financiar.

Jorge C. Chora
    4/11/18


  


domingo, 2 de dezembro de 2018

ARRULHAR



Arrulham os pombos
e os que se amam
como eles,
aninhados nas asas
de quem lhes aquece a alma,
quando murmuram:
- Deixa-me sentir o teu calor…


Os namorados
também arrulham,
quando se aninham
 nos braços
de quem os ama e murmuram:
-Deixa-me sentir o teu calor…

Jorge C. Chora
    2/12/18





sábado, 1 de dezembro de 2018

O GALO CHAMADO MONTÊS E A GALINHA PEDRÊS



O galo chamado Maltês
e a galinha pedrês,
tanto passearam
que se perderam
no Gerês.
Assustados,
o galo chamado Maltês
e a galinha pedrês,
as asas abraçaram,
até que um menino
os encontrou
e com eles ficou.
Agora andam os três,
a brincar no Gerês,
à vez, de mãos, patas
e asas entrelaçadas,
o menino, o galo
e a galinha pedrês.

Jorge C. Chora

   1/12/18