domingo, 29 de maio de 2022

JÁ FOI TEMPO

Foi-se o tempo

do galanteio

e do beija-mão,

do rubor das damas

e do falso pudor,

disfarçando o prazer sentido,

almejando alguns pares,

outros beijos em privado,

mais demorados

e convenientemente usufruídos.

Foi-se o tempo dos galanteios.

Só se aceitam beijos,

se quem os dá,

estiver de joelhos e à mercê,

dos seus desejos e quereres,

sôfregos de se envolverem,

receando mal-entendidos

e orgasmos mal -sucedidos,

seguidos de processos de assédio!

Foi-se o tempo do galanteio

e do beija-mão…

 

     Jorge C. Chora

       29/05/2022

quinta-feira, 26 de maio de 2022

PITUXA


Não és bruxa

nem fada,

és malvada

e nada trouxa.

Toda dada

a mostrar a coxa,

a trazer enganada

gente embruxada.

A troco de nada,

só distraída,

pela bela coxa,

enquanto a carteira lhe puxas!

Quanto não vale a tua coxa,

sem seres fada nem bruxa,

trazeres gente embruxada,

pronta a ser enganada,

dispensando a charamela e a sacabuxa.

 

 

         Jorge C. Chora

         26/05/2022

domingo, 22 de maio de 2022

ABRAÇOS E FADOS


 O fado e um abraço,

aliado a um copo,

amparados à grade,

matam a saudade

do muito vinho,

na roda de amigos

outrora bebido!

Com ou sem ele,

aí vai:

Um grande abraço.

Jorge C. Chora

22/05/2022

sábado, 21 de maio de 2022

OA TREÇOLHOS


De tanto te olhar

fui castigado com um treçolho,

tornei a observar-te,

recebi um segundo treçolho.

Senhor, dai-me um terceiro

mas deixai-me continuar a olhá-la!

Por favor!

 

     Jorge C. Chora

      20/05/2022

quinta-feira, 19 de maio de 2022

OXALÁ

 

Em terras onde o fado

se casou com o cante,

o povo abençoou,

e a feliz união foi selada

e sacralizada por quem de direito,

com os votos dela durar,

na alegria e na tristeza,

na saúde e na doença.

 

      Jorge C. Chora

        19/05/2022

quarta-feira, 18 de maio de 2022

BUNDA BELA

 Mulher da bela bunda

quem te fez tão bela?

adoramos ver-te como és.

Abençoado seja o teu bambolear,

vamos pedir a quem de direito,

outra igual a ti,

pelo menos tão bela como tu,

Uma, só mais uma, igualmente bela

e sobretudo, tão alegre como tu!

Se temos dois olhos,

porque não oferecermos a ambos,

uma visão à altura,

quer do esquerdo quer do direito?

       

            Jorge C. Chora

            18/05/2022

sábado, 14 de maio de 2022

AS LÍNGUAS


No beijo, seja ele terno

ou sôfrego,

tocam-se as línguas

inverte-se o mundo,

deixa de haver gente

e o mundo cessa;

ele só sabe dela

e ela dele sabe.

Desaparecem as gentes,

o vento, os sons e as vozes

só resta a maciez das línguas,

 o prazer e o desejo

da carícia de uma à outra

e o mundo é deles, só deles

Jorge C. Chora

14/05/2022

terça-feira, 10 de maio de 2022

O PINÓQUIO


 Se falo em beleza,

 lembro-me de ti,

portuguesa bonita.

Chamas-me Pinóquio,

mas não sou mentiroso!

 O nariz não me cresce

mas não nego:

outra coisa se avoluma

ao dizer-te a verdade

e ao Pinóquio não,

ainda que diga,

 a maior mentira do mundo.

 

Jorge C. Chora

10/05/2022

sexta-feira, 6 de maio de 2022

LISBOA VELHA SENHORA

Lisboa velha senhora

de sete seios dotada

ainda eretos e úberes,

repleta de voluptuosas curvas

e de cheiro a mar perfumada,

tem requebros de menina

vaidosa e deslumbrada,

quando a sentem como sua,

os mil povos que nela habitam

e dos seus seios se alimentam.

 

       Jorge C. Chora

        6/05/2022

terça-feira, 3 de maio de 2022

A ESTRELA


Todos a conheciam. Era presença assídua das melhores festas e uma das mais simpáticas e despretensiosa mulheres da alta roda.

Chamavam-na de Estrela, embora em rigor, ninguém soubesse de facto o que fazia e se esse era o seu nome verdadeiro. Pelo porte descontraído e pela facilidade com que falava achavam-na uma artista, uma declamadora, uma poetisa, quiçá, uma pintora que usava um pseudónimo. Como só era vista ao cair da noite, alguém, não se sabia quem, chamou-a de Estrela, e Estrela ficou.

Não constava que possuísse fortuna, embora vivesse de um modo desafogado e tivesse um leque enorme de amizades importantes. Herdara meia dúzia de apartamentos e era com as rendas que conseguia manter-se, com muita ginástica e maior pose.

 Albano, naquela noite, não tirava os olhos de Estrela. Já a vira noutras ocasiões, mas nunca se proporcionara uma oportunidade de se aproximar, pois, estava sempre rodeada de pessoas por quem ele não nutria particular simpatia. Em abono da verdade, a antipatia era recíproca. A todos recusara empréstimos, por parte do banco de que era um dos mais altos dirigentes.

Decidiu que desse dia não passava. Estrela notou-lhe o interesse. Afastou-se do grupo onde estava e foi buscar uma bebida. Passou-lhe mesmo em frente. Albano sorriu-lhe abertamente e dirigiu-lhe a palavra:

-Tenho-a visto por diversas vezes nos sítios onde vamos, mas nunca tive a oportunidade de nos apresentarmos…

-É verdade o que diz… nunca se proporcionou, mas vamos já resolver o assunto… -e estendeu-lhe a mão- que ele levou aos lábios e em vez de fazer menção de a beijar, beijou-a mesmo.

-Adoro o seu perfume…condiz consigo, é misterioso…

Estrela sorriu, tinha-o onde queria: a seus pés. Aproximou o pescoço dizendo-lhe:

-Também adoro este perfume. Aqui ainda se sente melhor. Aproximou ligeiramente o pescoço do nariz de Albano, enlaçando-o pela cintura, enquanto o conduzia para um recanto, perto das bebidas, mas oculto da sala onde estavam os convivas.

Albano sentiu a cabeça puxada suavemente para os seios de Estrela que lhe confidenciou ao ouvido:

-Um pouco mais abaixo o aroma é mais intenso- e baixava-lhe a cabeça, primeiro até ao umbigo e depois, baixando ligeiramente as calças de seda, fê-lo sentir a humidade que já a tomava.

Albano tremia de excitação. Estrela passou-lhe, de modo delicado, a mão sobre o alto bem visível que se formara nas suas calças, enquanto lhe dizia:

-São horas de me retirar, não tenho carro. Espatifei o meu e agora não tenho transporte…

-Levo-a a casa- ofereceu-se Albano.

-Agradeço, mas assim todos ficam a saber o que vamos fazer…

-Diga-me a sua morada e amanhã terá um carro à sua porta.

Como quem não quer a coisa, disse-lhe ao ouvido a morada, enquanto lhe ia colocando a língua no pavilhão auricular.

No dia seguinte, tinha à sua porta, um jaguar preto com uma motorista.

- Minha senhora, uma oferta da parte da parte do senhor doutor Albano.

Não precisa de se preocupar com o meu ordenado que o senhor doutor é que me paga.

Estrela olhou a motorista com atenção.

-Leontina?

-Sim, minha senhora.

- Sou eu!

-Caíram nos braços uma da outra. Tinham sido colegas e namoradas.

- Continuas a não usar roupa íntima Estela? -perguntou Filipa.

- Chama-me Estrela, que é como todo o mundo me conhece! E levantou a saia que trazia e mostrou nada vestir. Estrearam o banco traseiro da viatura, recuperando os anos perdidos.

O mundo estava com elas. O doutor era recebido aos fins de semana e os restantes dias, pertenciam a Leontina.

Agora todo o mundo sabia que Estrela era a digníssima mais-que-tudo, do Senhor Albano, o poderoso e riquíssimo dirigente bancário.

Quanto a Leontina, Albano pagava-lhe um excelente bónus extra, para manter a sua Estrela sempre no sétimo céu e sem tempo para ter outros cavalheiros a não se ele próprio.

 

  Jorge C. Chora

   3/05/2022

domingo, 1 de maio de 2022

NO DIA DA MÃE

 

  

DESCOBRI QUE SOU IGUAL A MEIO MUNDO, POIS ACHAM TER TIDO MÃES IGUAIS À MINHA, QUE FOI NADA MAIS NADA MENOS DO QUE A MELHOR MÃE DO MUNDO.

JORGE C. CHORA

  1/05/2022