Joana não
era uma mulher bonita: era muito bonita! Concedia a sua amizade com relativa
facilidade, devido ao facto de ser comunicativa.
Fora educada
em Portugal, no ensino oficial, embora os pais fossem podres de ricos e a sua
mãe fosse sueca, o que não obstou a que concordasse plenamente com o marido, um
português, educado nos melhores colégios privados ingleses, mas adepto da
educação estatal.
Apaixonados
pela Joana, escusado seria dizer, eram muitíssimos, mas nenhum conseguira mais
do que estatuto de amigo da Joana.
Carlos, um
espertalhão insinuante, morria de amores pela Joana.
Descobriu
que o amor de Joana eram os animais, nomeadamente o seu cão, um golden
retriever.
Soube que o
cão dormia com ela, via-a vestir-se, tomar banho, tinha direito a mimos,
abraços e beijos.
Rezou a
todos os santos e santinhos para se transformar num golden.
Um dia, ao
conversar com a Joana, esta queixou-se:
- Adoro o
meu cão, mas a única coisa aborrecida é quando tenho dores de barriga e vou à
casa de banho, o cão não me larga e faz questão de estar presente, o que não me
deixa à vontade!
A partir
desse dia, Carlos deixou de pedir aos santos e santinhos que o transformassem num
simples cão, passando a pedir-lhes só para ser transformado em cão, mas sem a
mania de ir à casa de banho com a dona, quando ela tivesse dores de barriga!
Jorge C.
Chora
3/10/2023