Ei-los que trepam, envoltos em fumo e ruído, as ruas e
vielas dessa Lisboa, conduzindo os seus triciclos motorizados, semelhantes a
besouros zumbindo em colmeias povoadas.
Abrem caminho apitando aqui e acolá, tentando afastar das estreitas
vias, os pedestres que circulam em magotes descontraídos.
Jovens arquitectas(os), historiadores(as), engenheiras(os)
ou filósofas conduzem os tuc-tucs em marchas rápidas, para gáudio dos
estrangeiros, também jovens geralmente, por essa velha Lisboa dos bairros
típicos.
Abrandam, explicam e encantam com detalhes de Alfama, Martim
Moniz ou Mouraria. Deliciam os turistas com o que mostram e possibilitam-lhes
vivenciar, em segurança, cheiros exóticos que lhes avivam memórias de outras
paragens, com a enorme vantagem destes só se misturarem com o cheiro a bafio
dos velhos bairros, em vez do fedor a urina de muitos mercados orientais e da
insegurança de inúmeros souks por esse mundo fora.
Em relação aos tuc-tucs orientais, os de Lisboa são
infinitamente mais seguros, limpos e dispensam os passageiros de trazerem uma
muda de roupa interior, como precaução, em relação às correrias loucas dos seus
congéneres tailandeses.
Jorge C. Chora
1/01/2018