Marie era
filha de uma senhora belga e de um rico comerciante português. Rondava os 19
anos e era a perdição dos moços da Vila de Finca Pé.
Quando as
férias se aproximavam, ela e as amigas vinham de férias para o casarão dos seus
pais na dita vila.
Elas passavam
os dias na piscina, petiscando, bebendo, mergulhando e secando-se ao sol, tal
como tinham vindo ao mundo.
A rapaziada
entrava em polvorosa. A casa localizava-se numa colina e a encosta, permitia
uma visão daquele espaço, a partir de um pequeno alto, sem que elas
suspeitassem.
O alto era
disputado a murro e a pontapé, mas ninguém abria o bico
para não
denunciarem a sua presença.
Uma
empregada da casa conhecia-os bem. Sabia o nome de todos e do Arnaldo, o mais
velho, que ela cobiçava, mas sem sucesso.
Marie um
belo dia topou-os. Pediu à Emília que os chamasse, um por um, pelos seus nomes,
incluindo aquele de que ela gostava.
Encavacados,
apresentaram-se à porta. Marie recebeu-os e disse-lhes:
- Convido-os a entrarem e a estarem connosco,
mas despidos, tal como nós estamos e vocês sabem. Podem mudar-se no anexo e
deixarem lá a roupa.
Dito e
feito. Saíram todos nus e ouviram a porta do anexo a fechar-se.
Procuraram o
acesso à piscina, mas não o encontraram. A única porta aberta dava para a rua.
Emília, à
socapa puxou pelo braço de Arnaldo e introduziu-o em casa.
Os
restantes, ao darem pela sua falta, apavorados, fugiram tal como estavam.
Marie pediu
à Emília que lhes dissesse que tinham de ir para o alto onde estavam e ela
levar-lhes-ia a roupa. Quando ela se preparava para executar o pedido, Marie
disse-lhe que se conseguisse escolher quatro entre eles, seriam bem-vindos…
Aflitos,
logo que ela lhes trouxe o vestuário, perguntaram-lhe pelo Arnaldo e a resposta
de Emília foi rápida e incisiva:
- Arnaldo
está muito bem onde está!
Após uma
observação cuidada de todos, não conseguiu inclinar-se para nenhum e resolveu
dizer-lhes:
- Só os que
vão à missa podem entrar, mas como nenhum vai, nada feito.
O padre
ainda hoje não consegue explicar o súbito interesse da rapaziada, nas missas
dominicais.
Jorge C. Chora
12/4/2024