domingo, 28 de outubro de 2018

O SEGREDO DA MULHER-MENINA




A mulher-menina
tem segredos
por desvendar,
ninguém sabe,
ou quer revelar,
o quanto tem
a ocultar,
só na fase da
lua cheia,
ela tem algo a revelar.

Jorge C. Chora
28/10/2018

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

O AMOR É ASSIM



Sei o que
gosto em ti,
desconheço
o que viste em mim,
para além de saberes
de quem gosto,
embora sinta
e saiba
por ti,
que o amor é mesmo assim.

Jorge C.  Chora
24/10/2018

domingo, 21 de outubro de 2018

OS ACTORES



Casam-se, divorciam-se,
morrem e ressuscitam,
choram e riem-se,
padecem de amores e desamores,
e tudo isto no mesmo dia!
À noite, ao deitarem-se,
não sabem se o fazem sendo
Manéis, Alfredos ou Tobias,
se todos eles e ele próprio
ou ainda a Sofia, de braço
dado à Madalena, todos
personagens do seu dia a dia.

Jorge C. Chora
21/10/2018

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

BOLSONARO E O CARANGUEJO




Grita e afiança
a quem o ouve
que, só anda em
marcha-atrás.
O seu bicho
mais amado
é, fiquem sabendo,
o caranguejo e a
música da marcha-atrás,
acompanhada da banda
do retrocesso do meio século
e dirigida pelo maestro Bolsonaro,
músico da velha escola:
“QUAL DEMOCRACIA QUAL CARAPUÇA,
QUEM MANDA AQUI SOU EU”

Jorge C. Chora
19/!0/2018

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

ACHAR



Diz-se que quem
procura acha,
mas há quem ache
existir um conluio, entre
procurar e achar,
de modo a dar sempre
os mesmos resultados:
uns acham sempre um lugar ao sol,
enquanto outros,
nem cheiro desse lugar acham.
Eu, que não sou tido nem achado,
confesso que adoro achar,
seja de manga, de limão
ou outro qualquer.

Jorge C. Chora
15/10/2018


domingo, 14 de outubro de 2018

MARIA BARROSO/A PEQUENA GRANDE MULHER


   

Embora os passos
fossem pequenos,
a determinação com
que os dava era
grande, muito grande.
Sorriso nos lábios e
e um à vontade
aveludado, envolviam
 a decisão,
sempre embalada
por pequenos passos
seguros,
ritmados pelo seu querer
inquebrantável,
afastado de indecisões
e recuos,
suportado pela sua frágil
mas firme figura,
de antes quebrar do que torcer.

Jorge C. Chora
14/10/2018



sábado, 13 de outubro de 2018

O QUE FAÇO AQUI?



Primeiro fechou a escola:
havia poucos pimpolhos;
hoje não há nenhum.
O posto médico foi a seguir
e uma técnica de boa vontade,
prometeu continuar a vir, em meses alternados,
todas as quintas, até
que deixou de ir.
Morreu o taberneiro
e aí sim, o abalo foi
muito sentido: fechou a taberna,
a mercearia e o arremedo de papelaria.
O taxista deu à sola para poder sobreviver.
Agora nem rezar se pode,
a capela encerrou,
pois quem tinha a chave,
 era a mulher do “táxista”.
Tónio está hoje à porta
 do cabo-da -guarda,
cheio de saudades,
quem diria! do
“sábio do chanfalho”.
porque ele também se vai embora,
para um local mais importante do que aquele.
Num momento tresloucado,
pensou em pendurar-se
e só não o fez porque não tinha,
quem lhe vendesse a corda
ou quem anunciasse o seu fim.
Foi ao edifício da Guarda e urinou
na escada. Foi à escola
e escreveu no muro,
em letras garrafais:
TENHO SAUDADES DO MESTRE - ESCOLA!

Jorge C. Chora
13/10/2018


quinta-feira, 11 de outubro de 2018

PAÍSES SEM RUMO



Em países
sem alma
nem rumo,
ninguém fala
ou ri,
e se sorri,
é expulso dali,
por ousar,
imaginem!
querer ter nome
e dizer:
presente, estou aqui!

Jorge C. Chora

11/10/2018

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

NO CALCINHA DE LOULÉ




No Calcinha
sabe bem,
saborear um poema
do Aleixo,
beber um chá ou um café,
enquanto se aprecia
o serpentear das Louletanas
e tudo isto,
 com a barriga cheia de pitéus e poesia.

Jorge C. Chora
9/10/2018

terça-feira, 9 de outubro de 2018

MALDITO FIO DENTAL



Três mulheres-tesouro
na praia da Oura vi,
de jóias no umbigo,
salientando as meias luas
que as encimavam
e mal as costas mostraram,
ai Jesus!
revelaram as duas metades
do paraíso terreal,
visão só toldada
por um maldito fio dental.

Jorge C. Chora

9/10/2018