Ao vê-lo luzidio, nervoso e belo, baptizaram-no de “Vir”. Foram
cinco os homens que o viram. Os cinco eram importantes mas um superava o
estatuto dos outros, tal o estatuto sócio -económico que detinha.
Todos se sentiram com direito a tomar posse do cavalo negro
luzidio. Nenhum decidiu abdicar do magnífico alazão.
Dois deles propuseram o voto, como meio de decisão. O
terceiro e o quarto recusaram.
-Se não nos entendemos, eu decido! - declarou o mais
poderoso- tenho o voto decisivo, o do desempate, já que ninguém se entende.
Acataram a decisão. Não tinham força para o contestar e
aceitavam a alegada superioridade como argumento válido e imbatível.
Decidida a contenda, o poderoso vencedor, aproximou-se do
belo cavalo. Levou um coice que o colocou às portas da morte.
Um a um, todos tentaram montá-lo. A todos, sem excepção,
aconteceu o mesmo.
Vir, o cavalo, entendia a linguagem humana. Fora há muito
aconselhado pelos seus antepassados a fingir que não a entendia. Hoje em dia “
Vir”, o cavalo, toma as decisões pelos humanos quando estes não entendem ou não
querem entender o que se passa à sua volta.
Jorge C. Chora