Seis jovens surgiram no parque, transportando uma tábua. Acercaram-se do balancé, encaixaram a tábua
no aparelho. Sentaram-se, um em cada topo e deram início ao balancear, para
cima e para baixo.
Os dois primeiros foram substituídos pelos dois seguintes e
quando se fartaram, deram lugar ao par sobrante. Cansados do usufruto do
aparelho, retiraram a tábua, colocaram-na debaixo do braço e, abandonaram o
parque sob o olhar espantado dos que tinham formado fila para andar naquele
aparelho e ficaram a ver navios.
Tantas vezes viu o velho António suceder o esquema, que à
terceira semana, colocou, à porta do parque, uma tábua sua, que encaixava no
balancé, com os seguintes dizeres:
ALUGA-SE UMA
TÁBUA DE BALANCÉ PARA ANDAR NESTE PARQUE. SÓ UM EURO.
No dia seguinte, os seis transportadores da tábua, colocaram
outro anúncio. que rezava assim:
A NOSSA TÁBUA
PARA ANDAREM NO BANÇÉ. CUSTA SÓ 50 CÊNTIMOS.
Dois dias depois havia um só anúncio:
O
ALUGUER DA TÁBUA PARA ANDAREM NO BALANCÉ CUSTA SÓ UM EURO E CINQUENTA.
Ao fim do dia, os seis larápios originais passavam em casa
do velho e sabido trapaceiro e recebiam um euro por cada aluguer, ficando ele
com os restantes cinquenta cêntimos.
O negócio é tão lucrativo que António e os seus parceiros,
estão a pensar em legalizá-lo no âmbito da complementaridade dos serviços públicos.
Jorge C. Chora
14/9/19