segunda-feira, 9 de novembro de 2015

VESTIDA DE SOL


Brilhas de dia,
vestida de sol,
trajando sorrisos,
calçando as asas da liberdade.
És pétala orvalhada,           
gota que sacia,
um grito de amor
para quem,
como eu,
dele necessita.


Jorge C. Chora

domingo, 8 de novembro de 2015

O QUE É A FELICIDADE?


Perguntaram-me o que era
e não soube responder,
porque nunca nisso pensara.
Insistiram e disse, que era
uma sucessão de pequenos nadas.
Como assim? Interrogaram-me.
E voltei a falar:
É acordar ao lado
 de quem gostamos,
beijar quem amamos.
Trivialidades!? Surpreenderam-se.
Pois aí está! A felicidade
não é senão uma enorme
sucessão de trivialidades,
em que não pensamos,
mas sem as quais
teríamos uma vida infeliz.
Desculpem, mas tocaram
à porta e a esta hora,
…a esta hora,
não estou para ninguém,
só para o meu amor
que aí vem!

Jorge C. Chora



sábado, 7 de novembro de 2015

OS ENJOOS DO VIGÁRIO


Sebastião era o vigário de uma pequena vila, cujos habitantes se benziam à sua aproximação. Não era santo nem milagreiro e muito menos a encarnação do demo. Então por que reagiam assim os seus paroquianos?

O padre tinha de prestar os seus serviços em diversas aldeias do concelho, mas havia algo inultrapassável: enjoava ao andar de carro.

Ao seu serviço tinha um velho jipe que conduzia pelas ruas estreitas das aldeias. À medida que conduzia, ia vomitando, conspurcando a batina com pedaços das refeições, agarrado ao volante, como se conduzisse um zepelim. Nunca recusou assistência a ninguém, nem a nenhum dos povoados. Sempre que alguém se cruzava com ele na estrada, benzia-se e saía do caminho, o mais rápido possível, esperando sobreviver ao encontro.

Quando entrava na vila, os habitantes apressavam-se a esconder-se onde podiam. Um visitante estranhou o comportamento dos locais, nomeadamente as fugas e a procura aflitiva de esconderijos, quando o cura surgia ao fundo da rua a conduzir o “tanque de guerra”.

- Ninguém me diz o que se passa? – gritou o incauto.

-Esconda-se…depressa…

E o “turista” agachou-se atrás de um contraforte, mesmo a tempo de ver uma parte do apoio do edifício ser arrancada pelo jipe, com o vigário ao volante a vomitar a batina.

Depois de muito discutir, a população que tinha o maior respeito pelo vigário, achou a solução: falar ao sacristão e convencê-lo a telefonar aos bombeiros, sempre que o reverendo saia, informando-os da hora do seu previsível regresso.

Desde essa época, sempre que ele saia e a sirene tocava, o vigário reclamava:

-Deus me perdoe, mas estes bombeiros contraíram o vício de ligar a sirene! Ainda por cima não há vivalma nas ruas! Terra tão estranha como esta nunca conheci…Perdoe-lhes Senhor que eles não sabem o que fazem!

Jorge C. Chora