Há pessoas que comem muito, ou melhor, muitíssimo. Todos
conhecemos alguém pertencente a esta classe. O pior são aqueles que ingerem alimentos
em grandes quantidades mas pretendem desviar de si as atenções, atribuindo a
outros o hábito que eles próprios cultivam
sem terem rivais.
Em tempos idos, tinha
um amigo, pequeno e incrivelmente magro, que envergonhava qualquer gigante
adorador de comezainas. Após deleitar-se com uma lauta feijoada, ficava calado
no seu canto, sinal de que continuava esfomeado. Só se satisfazia com uma
enorme dose de cozido, que os amigos tinham de encomendar porque ele se
envergonhava de pedir.
Este devorador existiu e ainda existe e não é lenda nenhuma.
Já outros, deixam-nos dúvidas, embora haja quem assevere e jure a pés juntos,
que viveram e até citam os nomes, como o
nascido no arquipélago de Cabo Verde,
um tal João José Jardim que após deglutir 99 carapaus e a empregada lhe sugerir
que comesse o centésimo, disse:
-Muito obrigado, mas não…sou pouco dado a peixe…
Armindo Delgado, natural de S. Antão, refere que já o seu
pai dizia que o dito J. J. J. antes dos casamentos para que era convidado,
comia sempre doze peixes escalados assados…
É caso para dizer que não fazia o senhor senão bem, pois caso
contrário, ninguém mais o convidaria para um enlace matrimonial ou outro evento
qualquer.
Jorge C. Chora
25/2/19
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