Era uma vez um menino que queria correr mais do que o vento.
Foi falar com ele e desafiou-o:
-Corro mais do que tu. Queres fazer uma corrida comigo?
-Sim, pode ser…
Logo após a competição ter começado, o menino tropeçou e
caiu. O vento parou e perguntou-lhe:
-Aleijaste-te?
-Obrigado por teres perguntado. Mas porque não continuaste a
correr?
-Porque uma corrida só vale a pena ser corrida se tivermos
companhia… -disse-lhe o vento.
-Não compreendo o que dizes! – admirou-se o menino – Numa
corrida o que é importante não é chegar
em primeiro lugar?
-Sim e não! - respondeu-lhe, com ar misterioso, o vento.
-Agora é que não percebo mesmo nada! – declarou um pouco aborrecido o menino.
- Achas que valia a pena correr sozinho? Sem adversário? –
perguntou-lhe o vento.
Ele pensou e chegou à conclusão de que era melhor estar acompanhado.
Se não tivesse companhia, a competição não tinha a menor graça. Concluiu também
que o vento era um bom amigo e pediu-lhe ajuda.
O vento soprou então com toda a força que tinha,
mostrando-lhe o que ele tinha de fazer.
-Mas eu nunca conseguirei correr tanto como tu! – exclamou desanimado o menino.
-Precisas de ganhar asas nos pés e isso não se consegue sem
esforço! – explicou-lhe o vento.
-Mas eu não sou um pássaro…
Depois de um ano de esforço, na primeira corrida em que
entrou, o jornalista que assistiu à corrida, escreveu: O vencedor da corrida tem asas nos pés.
Jorge C. Chora