quinta-feira, 3 de julho de 2025

O SONHO DAS QUATRO MÃOS


Detestamos ser tocados,

mesmo sendo uma só vez,

por quem não suportamos.

Ah! mas quando gostamos,

lamentamos tê-la(o) Deus,

dotado(a) só de duas mãos!

        Jorge C. Chora

          3/7/2025

sexta-feira, 27 de junho de 2025

A DÁDIVA

           

Do céu choveram pétalas,

flores de laranjeira e jasmim,

misturadas com centos de rosas,

brancas, amarelas e carmim.

Misturadas, caíram folhas imaculadas,

não de flores, mas de papel, perfumadas,

todas elas com poemas de amor e paz.

Acorreram os aldeões, fartos de guerra

e da fome, àquele maná caído dos céus,

premonitório do fim das atrocidades

e da almejada tranquilidade.

E do céu, quando menos esperavam,

 caíram, tal qual gigantescos ovos de avestruz,

dúzias de bombas que chacinaram todos os

os presentes ali reunidos.

Nada de pé ficou.

Uma folha de papel foi projetada e caiu ao rio.

Um movimento súbito em direção à folha,

criou a ilusão de algum sobrevivente:

era um lagarto medonho que abocanhou a folha e logo a vomitou.

                        Jorge C. Chora

                           21/6/2025

 

 

O PITOSGA


Se de perto pouco vê,

ao longe ainda pior,

razão por que sorri,

a quem longe está,

não vá deixar de saudar

quem conhece, e fazer

má figura mesmo sem querer.

Vai daí, dá-se melhor

com quem não vê

e não conhece,

dos que conhece,

mas também não deixa

efusivamente e de os cumprimentar

não vá um deles ser o Trump.

          Jorge C. Chora

              21/6/2025

segunda-feira, 23 de junho de 2025

O DEMO NAS FESTAS JUNINAS


Saiu lá dos infernos,

ao cheiro da sardinha

e da bela bifana,

ocultando o rabo bifurcado,

 dando às ancas nas marchas,

abraçando uma bela marchante.

Lucifer, disfarçado de boa gente,

 ao terminar as festas juninas,

consigo quis levar as três mais

belas bailarinas, mas só conseguiu

que os assadores de sardinhas e bifanas,

lhe espetassem o rabo bifurcado,

lhe batessem com os alhos porros

e o alvejassem com centenas de manjericos.

Por fim, assaram-lhe a cauda bifurcada e fedorenta,

e deram-na aos cães, tendo-se estes não só recusado

 comê-la, como ainda lhe urinaram em cima.

                  Jorge C. Chora

                       23/7/2025


domingo, 22 de junho de 2025

LADRÃO CONVICTO

 


Sou ladrão convicto,

não de lamborghinis,

anéis de platina ou rubis.

Roubo beijos em lábios

carnudos e perfeitos,

entreabertos e convidativos,

aliás consentidos,

mas não esperados:

de manhã, à tarde ou à noite,

acordados ou a dormir,

estes mais suaves para não as acordar.

Não tenho preferências:

esteja o céu nublado ou limpo,

claro ou escuro,

seja verão, inverno, outono ou primavera,

saibam eles a mirtilo, morango, baunilha

ou a miscelânea de frutos,

dou-os ou roubo-os com convicção,

sem nunca pensar em lamborghinis,

anéis de platina ou rubis.

Confesso, sou ladrão convicto,

em roubar beijos em lábios carnudos e perfeitos,

entreabertos e convidativos

mas tacitamente consentidos.

 

              Jorge C. Chora

                  22/6/2025º

sábado, 21 de junho de 2025

A ESCOLHA

 

Dos teus outrora

lindos olhos,

nada sobrou:

são tristes e mortiços,

como os dos peixes

anteontem pescados.

O verde vivo e transparente,

tornou-se lodoso, opaco

e inexpressivo.

Quando os tinhas vivos,

tanto os rodaste,

buscando quem te agradasse,

recusando todos,

e agora, ninguém sequer te olha,

exceto, quem de ti pena tem,

ao recordar como eras e como estás.

                Jorge C. Chora

                   21/&/2025

quinta-feira, 19 de junho de 2025

A FORÇA DO DESTINO

 

       

Tudo é atribuído ao destino, quando por qualquer razão,

 nos entregamos à sorte e deixamos de lutar.

                    Jorge C. Chora

                       19/6/2025