Detestamos ser
tocados,
mesmo sendo uma
só vez,
por quem não
suportamos.
Ah! mas
quando gostamos,
lamentamos tê-la(o)
Deus,
dotado(a) só
de duas mãos!
Jorge
C. Chora
3/7/2025
Detestamos ser
tocados,
mesmo sendo uma
só vez,
por quem não
suportamos.
Ah! mas
quando gostamos,
lamentamos tê-la(o)
Deus,
dotado(a) só
de duas mãos!
Jorge
C. Chora
3/7/2025
Do céu
choveram pétalas,
flores de
laranjeira e jasmim,
misturadas
com centos de rosas,
brancas,
amarelas e carmim.
Misturadas,
caíram folhas imaculadas,
não de
flores, mas de papel, perfumadas,
todas elas
com poemas de amor e paz.
Acorreram os
aldeões, fartos de guerra
e da fome,
àquele maná caído dos céus,
premonitório
do fim das atrocidades
e da
almejada tranquilidade.
E do céu,
quando menos esperavam,
caíram, tal qual gigantescos ovos de avestruz,
dúzias de
bombas que chacinaram todos os
os presentes
ali reunidos.
Nada de pé
ficou.
Uma folha de
papel foi projetada e caiu ao rio.
Um movimento
súbito em direção à folha,
criou a
ilusão de algum sobrevivente:
era um lagarto
medonho que abocanhou a folha e logo a vomitou.
Jorge C. Chora
21/6/2025
Se de perto
pouco vê,
ao longe
ainda pior,
razão por
que sorri,
a quem longe
está,
não vá
deixar de saudar
quem conhece,
e fazer
má figura
mesmo sem querer.
Vai daí,
dá-se melhor
com quem não
vê
e não
conhece,
dos que
conhece,
mas também
não deixa
efusivamente e de os cumprimentar
não vá um deles ser o Trump.
Jorge C. Chora
21/6/2025
Saiu lá dos
infernos,
ao cheiro da
sardinha
e da bela
bifana,
ocultando o
rabo bifurcado,
dando às ancas nas marchas,
abraçando
uma bela marchante.
Lucifer,
disfarçado de boa gente,
ao terminar as festas juninas,
consigo quis
levar as três mais
belas
bailarinas, mas só conseguiu
que os
assadores de sardinhas e bifanas,
lhe
espetassem o rabo bifurcado,
lhe batessem
com os alhos porros
e o
alvejassem com centenas de manjericos.
Por fim, assaram-lhe
a cauda bifurcada e fedorenta,
e deram-na
aos cães, tendo-se estes não só recusado
comê-la, como ainda lhe urinaram em cima.
Jorge C. Chora
23/7/2025
Sou ladrão
convicto,
não de lamborghinis,
anéis de
platina ou rubis.
Roubo beijos
em lábios
carnudos e
perfeitos,
entreabertos
e convidativos,
aliás
consentidos,
mas não
esperados:
de manhã, à
tarde ou à noite,
acordados ou
a dormir,
estes mais
suaves para não as acordar.
Não tenho
preferências:
esteja o céu
nublado ou limpo,
claro ou
escuro,
seja verão,
inverno, outono ou primavera,
saibam eles
a mirtilo, morango, baunilha
ou a
miscelânea de frutos,
dou-os ou
roubo-os com convicção,
sem nunca
pensar em lamborghinis,
anéis de
platina ou rubis.
Confesso,
sou ladrão convicto,
em roubar
beijos em lábios carnudos e perfeitos,
entreabertos
e convidativos
mas
tacitamente consentidos.
Jorge C. Chora
22/6/2025º
Dos teus outrora
lindos olhos,
nada sobrou:
são tristes e mortiços,
como os dos peixes
anteontem pescados.
O verde vivo e transparente,
tornou-se lodoso, opaco
e inexpressivo.
Quando os tinhas vivos,
tanto os rodaste,
buscando quem te agradasse,
recusando todos,
e agora, ninguém sequer te
olha,
exceto, quem de ti pena tem,
ao recordar como eras e como
estás.
Jorge C. Chora
21/&/2025
Tudo é
atribuído ao destino, quando por qualquer razão,
nos entregamos à sorte e deixamos de lutar.
Jorge C. Chora
19/6/2025