Mariana ascendera de modo meteórico na escala social. Fizera-o à custa de amantes bem posicionados. Entre eles, diziam os seus detractores, contavam-se quase todos os poderosos e ricos da cidade, incluindo os mais insuspeitos.
Já entrada em anos, mas ainda com queda para o amor, continuou a oferecer o acesso ao sétimo céu aos mais idosos e bem sucedidos concidadãos, com a arte e sabedoria necessária e adequada ao escalão etário dos seus admiradores.
Mariana acumulou vasto património e grandes influências, de que se serviu para deixar à sua descendência uma vida económica sólida, reforçada pelos casamentos e alicerçada em alianças que soube gizar.
Quando entregou a alma ao criador, não houve entre a nata da sociedade quem não tivesse sentido saudades de Mariana. A sua memória perdurou.
Passados uns anos, uma das netas, desconhecendo a história da sua antepassada, convenceu-se de que terem-na chamado de, “A grande”, envolvia notáveis feitos por ela praticados. Laura, assim se chamava esta descendente, empenhou-se em querer homenagear a sua avó e procurou apoio junto ao pároco da sua freguesia, até porque ela sabia que Mariana fizera inúmeras doações para aquela igreja.
Esforçou-se o bom homem por descobrir o que lhe tinha sido pedido. Nas diligências efectuadas, soube através de um idoso benemérito, a verdadeira razão de ser da grandeza de Mariana. Atrapalhado com o segredo, deu voltas à imaginação para descobrir o que dizer a Laura. Resolveu ir adiando,” sine die”, a explicação.
Um belo dia Laura foi ter com ele à igreja, acompanhada do marido e dos seus filhos. O pároco, que era a primeira vez que via o marido, ficou boquiaberto, pois ele teria uns quarenta anos mais do que a mulher:
-Querida Laura, a senhora é a encarnação da sua avó Mariana! Tem de certo a grandeza que ela tinha! Herdou-a…
-Como assim reverendo padre?
-A facilidade em dar-se com os mais sábios, com os mais velhos…a paciência, a arte e o sacrifício em mantê-los felizes…
Jorge C. Chora
segunda-feira, 14 de maio de 2012
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