sábado, 13 de outubro de 2018

O QUE FAÇO AQUI?



Primeiro fechou a escola:
havia poucos pimpolhos;
hoje não há nenhum.
O posto médico foi a seguir
e uma técnica de boa vontade,
prometeu continuar a vir, em meses alternados,
todas as quintas, até
que deixou de ir.
Morreu o taberneiro
e aí sim, o abalo foi
muito sentido: fechou a taberna,
a mercearia e o arremedo de papelaria.
O taxista deu à sola para poder sobreviver.
Agora nem rezar se pode,
a capela encerrou,
pois quem tinha a chave,
 era a mulher do “táxista”.
Tónio está hoje à porta
 do cabo-da -guarda,
cheio de saudades,
quem diria! do
“sábio do chanfalho”.
porque ele também se vai embora,
para um local mais importante do que aquele.
Num momento tresloucado,
pensou em pendurar-se
e só não o fez porque não tinha,
quem lhe vendesse a corda
ou quem anunciasse o seu fim.
Foi ao edifício da Guarda e urinou
na escada. Foi à escola
e escreveu no muro,
em letras garrafais:
TENHO SAUDADES DO MESTRE - ESCOLA!

Jorge C. Chora
13/10/2018


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