Ameaçaram-no e ele reagiu construindo uma muralha à volta da
sua torre. Ao verem as medidas que implementara, tornaram a fazê-lo, aumentando o tom e a
dimensão da ameaça.
Respondeu o visado construindo uma muralha ainda mais forte
e alta do que a anterior. Sempre que era intimado, a resposta era imediata:
Construía defesas mais altas e eficazes.
Um dia, os sitiantes, decidiram retirar-se e deixar de
proferir os truculentos avisos. Acharam que tinham isolado o sitiado sem gastar
um cêntimo em acções bélicas.
No interior da fortaleza, as críticas não se fizeram esperar: eles
próprios tinham-se enclausurado e agora estavam perdidos e sem saída. Acabariam
por morrer à míngua!
Riu-se o castelão dos dislates que ouvia. Mandou que
abrissem a 24ª porta da muralha.
Um pelotão executou as ordens e, ao abrir a referida porta,
deixou à vista o pano da muralha.
-E então agora?- surpreenderam-se os habitantes.
O castelão chamou a criança que brincava no pátio e
entregou-lhe um martelo, dizendo-lhe:
-Se deres uma martelada naquele muro, ganhas um presente e
darás uma grande alegria a todos os que aqui estão.
Olharam os habitantes da fortaleza com certa piedade o seu
castelão.
-Coitado, perdeu o juízo com o disparate que fez!
Eis senão quando, a criança desfere uma grande martelada e
faz um enorme rombo que deixa ver com toda a nitidez o exterior do castelo.
Fez-se um silêncio sepulcral, só quebrado por uma voz
tonitruante e furiosa vinda do lado oposto do castelo:
-Então o inimigo podia invadir o nosso castelo por esse
ponto fraco nas muralhas?
Jorge C. Chora
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