quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A decisão

Ameaçaram-no e ele reagiu construindo uma muralha à volta da sua torre. Ao verem as medidas que implementara,  tornaram a fazê-lo, aumentando o tom e a dimensão da ameaça.

Respondeu o visado construindo uma muralha ainda mais forte e alta do que a anterior. Sempre que era intimado, a resposta era imediata: Construía defesas mais altas e eficazes.

Um dia, os sitiantes, decidiram retirar-se e deixar de proferir os truculentos avisos. Acharam que tinham isolado o sitiado sem gastar um cêntimo em acções bélicas.

No interior da fortaleza,  as críticas não se fizeram esperar: eles próprios tinham-se enclausurado e agora estavam perdidos e sem saída. Acabariam por morrer à míngua!

Riu-se o castelão dos dislates que ouvia. Mandou que abrissem a 24ª porta da muralha.
Um pelotão executou as ordens e, ao abrir a referida porta, deixou à vista o pano da muralha.

-E então agora?- surpreenderam-se os habitantes.

O castelão chamou a criança que brincava no pátio e entregou-lhe um martelo, dizendo-lhe:
-Se deres uma martelada naquele muro, ganhas um presente e darás uma grande alegria a todos os que aqui estão.
Olharam os habitantes da fortaleza com certa piedade o seu castelão.

-Coitado, perdeu o juízo com o disparate que fez!

Eis senão quando, a criança desfere uma grande martelada e faz um enorme rombo que deixa ver com toda a nitidez o exterior do castelo.

Fez-se um silêncio sepulcral, só quebrado por uma voz tonitruante e furiosa vinda do lado oposto do castelo:

-Então o inimigo podia invadir o nosso castelo por esse ponto fraco nas muralhas?


Jorge C. Chora

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