João estava
sentado num pequeno banco, com a enorme barriga quase colada ao pescoço, as
nádegas a tocarem no chão. O seu desconforto era total. O director da empresa, a
seu lado, acomodava-se num sofá grená, tipo “chesterfield”, bem alto em relação à banqueta onde se sentava
o criativo da empresa. Mais adiante, o sócio capitalista maioritário estava
instalado numa enorme poltrona onde caberiam mais dois como ele.
Esperavam a visita dum
investidor que libertasse a firma dos constrangimentos financeiros. João criara
os produtos e adaptara-os ao mercado. As despesas sumptuárias dos outros dois,
tinham conduzido o projecto a um beco sem saída. João nunca tivera voz activa
em questões de dinheiro.
Quando o novo investidor chegou, todos se levantaram, menos
João.
-Peço-lhe desculpa mas estou com uma enorme dificuldade em
levantar-me… é só um minuto…
-Deixe-se estar que o seu lugar na empresa está garantido. O
mesmo não se passa com os outros dois senhores presentes… - declarou o
recém-chegado.
Na reunião marcada
para o dia seguinte, só João foi convocado. Ao entrar na sala, verificou que o
novo dono já se encontrava sentado na poltrona gigante. Olhou em redor e não
viu o sofá. Só lá havia a banqueta, mesmo em frente à poltrona.
-Faça o favor de se sentar e estar à sua vontade… -disse-lhe
o novo dono - apontando para o minúsculo banquinho.
Jorge C. Chora
Sem comentários:
Enviar um comentário