À hora de sair, foi chamada ao chefe, que lhe pediu para
ficar. Guida estremeceu. Sabia que o marido reagiria mal ao prolongamento do
seu horário. Telefonou-lhe e disse-lhe o que se passava e que fosse à 2ª
prateleira do frigorífico e que jantasse.
Ao chegar a casa, preparou-se para enfrentar o mau humor da
sua cara-metade. Este surgiu-lhe, logo à porta, com um grande sorriso.
Retribuiu-lho, algo surpreendida, mas sem o demonstrar. Ele enlaçou-lhe a
cintura, roçou-lhe o farto bigode pelo pescoço, afagou-lhe os lóbulos das
orelhas.”Hum, isto está a correr bem. Nem sempre nem nunca…”pensou Guida, ao
mesmo tempo que lhe passava de modo suave os dedos pela cabeça. .E foi aí que,
surpresa das surpresas, o sentiu ronronar. Bom, concluo dizendo que Guida teve
direito a recordar-se de tudo o que era bom e ela já se tinha esquecido.
A fome apertou e ela foi ao frigorífico. Espantou-se porque
o jantar estava intacto na 3ª prateleira. Percebeu o que se passara ao ver a
2ªprateleira,a da comida do gato, completamente vazia. Enganara-se e ele não
dera por isso! Calou-se bem calada.
No dia seguinte, a primeira compra que fez, foi comprar a
comida do Pompom, regressar num pulo a casa, e colocá-la na 2ª prateleira.
À hora da saída do serviço, telefonou ao seu brutamontes
farfalhudo:
-Querido, vou sair mais tarde mas não te preocupes. Deixei-te
o jantar na 2ª prateleira do frigorífico.
Tenha cuidado com a quantidade de comida de gato que dá ao
seu brutamontes! Uma amiga de Guida, a quem esta contara o segredo, exagerou
nas doses e transformou o marido numa gatinha em vez de num gatinho assanhado,
às suas ordens!
Jorge C. Chora
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