sábado, 10 de junho de 2017

TITO E OS XIXIS PUNITIVOS

                                                   
De olhos esbugalhados, aproxima-se de modo sorrateiro dos fregueses da churrascaria. Roça-se até que a sua presença seja notada. Senta-se e olha para o cliente e amigo. Funga de modo delicado e lambe os beiços. Já disse ao que vinha: quer que partilhem consigo uns bocados do pitéu que estão a saborear.

Até há pouco tempo, a estratégia do Tito, um cão arraçado de pequinês, resultava em cheio. Ossos, pedaços de carne e pipas eram acepipes do seu agrado e que recebia sempre que pedinchava.
A idade e alguns abusos, trouxeram-lhe problemas cardíacos e respiratórios que aliadas à obesidade, lhe interditaram, a pedido expresso do dono, a continuação das comezainas e as doações dos fregueses.

Tito não quer saber de desgraças. Continua a rogar, a seu modo, as iguarias a que se habituou.
Quando não lhas dão, aproxima-se dos sapatos de quem lhe negou os petiscos, alça a perna e urina-lhe o calçado.

É curiosa a dança executada pela clientela quando o Tito está por perto. Esconder os sapatos, desviá-los das mijocas punitivas é o grande objectivo. Nem sempre é conseguido. O que vale é que o cachorro só faz uns pingos já que passa o dia inteiro a alçar a perna.


Jorge C. Chora

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