segunda-feira, 4 de setembro de 2017

VIR,O CAVALO



Ao vê-lo luzidio, nervoso e belo, baptizaram-no de “Vir”. Foram cinco os homens que o viram. Os cinco eram importantes mas um superava o estatuto dos outros, tal o estatuto sócio -económico que detinha.

Todos se sentiram com direito a tomar posse do cavalo negro luzidio. Nenhum decidiu abdicar do magnífico alazão.

Dois deles propuseram o voto, como meio de decisão. O terceiro e o quarto recusaram.

-Se não nos entendemos, eu decido! - declarou o mais poderoso- tenho o voto decisivo, o do desempate, já que ninguém se entende.

Acataram a decisão. Não tinham força para o contestar e aceitavam a alegada superioridade como argumento válido e imbatível.

Decidida a contenda, o poderoso vencedor, aproximou-se do belo cavalo. Levou um coice que o colocou às portas da morte.

Um a um, todos tentaram montá-lo. A todos, sem excepção, aconteceu o mesmo.

Vir, o cavalo, entendia a linguagem humana. Fora há muito aconselhado pelos seus antepassados a fingir que não a entendia. Hoje em dia “ Vir”, o cavalo, toma as decisões pelos humanos quando estes não entendem ou não querem entender o que se passa à sua volta.


Jorge C. Chora

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