O cão era tão, mas tão pequeno, que apodá-lo de micro cão
seria mais do que adequado. A sua dona, sempre receosa de que o pisassem, não o
deixava andar no chão: levava-o sempre
ao colo.
Os medos que a dona padecia só de imaginar o que poderia
suceder ao bicho, produziam-lhe poderosas enxaquecas. Sofria como poucas
sofreriam e mais ainda do que qualquer outra, porque era por antecipação que
acusava os males de que o bichano podia vir eventualmente a ter ou a
acontecer-lhe.
Compadecida do fraco ladrar da amostra, tomou a resolução de
o ajudar nessa urgente tarefa.
Ei-la que no meio da multidão, ladrava e torna a ladrar,
demonstrando ao pequenote a urgência e a arte de ladrar, poupando-o ao esforço
e à chacota dos seus semelhantes.
Neste exacto momento, rodeada por uma multidão, rosna com
quanta força tem, pretendendo ensinar-lhe o modo de se fazer respeitar no mundo
canino. E o seu empenho é tal que em seu redor se abriu uma clareira e passado
algum tempo, surgiram três possantes homens trajando batas brancas. Enfiam-na
numa camisa de forças, e apertam-na cada vez mais, à medida que o seu rosnar se
intensificava.
Meus amigos, nunca tentem ensinar os vossos animais de
estimação de quatro patas a rosnar!
Jorge C. Chora
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