quinta-feira, 21 de setembro de 2017

O MICRO CÃO



O cão era tão, mas tão pequeno, que apodá-lo de micro cão seria mais do que adequado. A sua dona, sempre receosa de que o pisassem, não o deixava andar no chão:  levava-o sempre ao colo.

Os medos que a dona padecia só de imaginar o que poderia suceder ao bicho, produziam-lhe poderosas enxaquecas. Sofria como poucas sofreriam e mais ainda do que qualquer outra, porque era por antecipação que acusava os males de que o bichano podia vir eventualmente a ter ou a acontecer-lhe.

Compadecida do fraco ladrar da amostra, tomou a resolução de o ajudar nessa urgente tarefa.
Ei-la que no meio da multidão, ladrava e torna a ladrar, demonstrando ao pequenote a urgência e a arte de ladrar, poupando-o ao esforço e à chacota dos seus semelhantes.

Neste exacto momento, rodeada por uma multidão, rosna com quanta força tem, pretendendo ensinar-lhe o modo de se fazer respeitar no mundo canino. E o seu empenho é tal que em seu redor se abriu uma clareira e passado algum tempo, surgiram três possantes homens trajando batas brancas. Enfiam-na numa camisa de forças, e apertam-na cada vez mais, à medida que o seu rosnar se intensificava.

Meus amigos, nunca tentem ensinar os vossos animais de estimação de quatro patas a rosnar!

Jorge C. Chora


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