Tusso e estremeço. À partida, nada de mal. Nada de mal “utanas”:
isso é conversa mole que os brasileiros bem tipificam, quando dizem que pimenta
no olho do vizinho é refresco…
A cada tussidela seguem-se descargas eléctricas, que me
encrencam as costas, as ancas e agravam as discopatias. Não me venham com o
poema do Lobo Antunes, sobre os homens constipados, antes fosse caso disso.
Acabo de chegar da acupunctura e sinto-me bem melhor. Sento-me
à mesa e aí vem ela, a maldita gripe e a respectiva tosse, estragar o que foi
feito, desconjuntar-me o esqueleto.
Quero um remédio adequado e a resposta é lacónica: sabes que
não podes tomar remédios!
Aguenta que é serviço. Quem te manda ser velho e padecer de
tanta coisa! Mas o pior é não poder vadiar, comer um petico, apreciar um chá de
parreira…
-Põe-te com ideias…
E aí vou eu, aos ziguezagues, sem vadiar, beber ou petiscar
nada, agarrado à tosse e à dor,
para aquilo que mais detesto: estar na cama, sem escrever,
ler nem fazer nada…
E assim se passou uma semana…. sem saber quantas ainda me
faltam…
Jorge C. Chora
4/3/2018
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