sábado, 3 de março de 2018

MALDITA GRIPE



Tusso e estremeço. À partida, nada de mal. Nada de mal “utanas”: isso é conversa mole que os brasileiros bem tipificam, quando dizem que pimenta no olho do vizinho é refresco…

A cada tussidela seguem-se descargas eléctricas, que me encrencam as costas, as ancas e agravam as discopatias. Não me venham com o poema do Lobo Antunes, sobre os homens constipados, antes fosse caso disso.

Acabo de chegar da acupunctura e sinto-me bem melhor. Sento-me à mesa e aí vem ela, a maldita gripe e a respectiva tosse, estragar o que foi feito, desconjuntar-me o esqueleto.

Quero um remédio adequado e a resposta é lacónica: sabes que não podes tomar remédios!

Aguenta que é serviço. Quem te manda ser velho e padecer de tanta coisa! Mas o pior é não poder vadiar, comer um petico, apreciar um chá de parreira…

-Põe-te com ideias…

E aí vou eu, aos ziguezagues, sem vadiar, beber ou petiscar nada, agarrado à tosse e à dor,

para aquilo que mais detesto: estar na cama, sem escrever, ler nem fazer nada…

E assim se passou uma semana…. sem saber quantas ainda me faltam…



Jorge C. Chora

4/3/2018

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