terça-feira, 14 de maio de 2019

OS FEDORENTOS



Chegaram ambos ao mesmo tempo ao balcão da pastelaria. Um cheiro intenso e nauseabundo a cebola de má qualidade, mesclado de outros odores difíceis de identificar, atingiu-os em cheio.
Entreolharam-se de cenho franzido. Numa fracção de segundos analisaram-se mutuamente.
“ Como é possível, que uma mulher com este aspecto cuidado, descure a sua higiene deste modo? Ela não parece nada ser do género porcalhona…” -pensou ele.

Olhando-o de soslaio, ela deplorou o desconhecido: ”Um homem de quem não se esperaria semelhante descaso…”

E ambos abandonaram, o mais depressa que lhes foi possível, sem se tornarem a olhar, o café
dos encontros malcheirosos.

Já à saída, pararam no primeiro degrau, respiraram fundo e nenhum deles, mesmo tendo os narizes em cima um do outro, se lembraram, de forma subtil, de se cheirarem: definitivamente cheiravam mal, muito mal.

Jorge C. Chora
14/5/19

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