quarta-feira, 24 de julho de 2019

O BORIS DA ERICEIRA


                                                               
 Boris vivia na Ericeira e atraía a atenção de todos: crianças, adultos, moradores e não residentes, nacionais e estrangeiros.

Tinha um ar divertido, simpático, bolachudo, sociável e abobalhado. Aceitava palavras, festas e louvores, assim como caras feias, com a bonomia de um “entertainer” profissional.

Cumpria a rigor o seu papel de mestre de cerimónias, atraindo ao negócio o maior número de visitantes. Habitava duas casas, sendo uma no exterior e outra no interior da loja. onde se recolhia amiúde quando não havia espectadores: não trabalhava sem eles.

O Boris morreu e não houve quem não desse pelo facto. Rei morto rei posto, sucedeu-lhe o filho, tão preguiçoso e abobalhado quanto o grande Boris seu pai.

O novo Boris aposta na sua aparência excêntrica e no seu feitio camaleónico, de parecer mau sem nunca mostrar os dentes, excepto se for para as fotografias e tiver algo a lucrar com isso.

Jorge C. Chora
24/7/19

Sem comentários:

Enviar um comentário