Boris vivia na
Ericeira e atraía a atenção de todos: crianças, adultos, moradores e não
residentes, nacionais e estrangeiros.
Tinha um ar divertido, simpático, bolachudo, sociável e
abobalhado. Aceitava palavras, festas e louvores, assim como caras feias, com a
bonomia de um “entertainer” profissional.
Cumpria a rigor o seu papel de mestre de cerimónias, atraindo
ao negócio o maior número de visitantes. Habitava duas casas, sendo uma no
exterior e outra no interior da loja. onde se recolhia amiúde quando não havia
espectadores: não trabalhava sem eles.
O Boris morreu e não houve quem não desse pelo facto. Rei
morto rei posto, sucedeu-lhe o filho, tão preguiçoso e abobalhado quanto o
grande Boris seu pai.
O novo Boris aposta na sua aparência excêntrica e no seu
feitio camaleónico, de parecer mau sem nunca mostrar os dentes, excepto se for
para as fotografias e tiver algo a lucrar com isso.
Jorge C. Chora
24/7/19
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