sexta-feira, 12 de abril de 2024

MARIE E AS AMIGAS


 

Marie era filha de uma senhora belga e de um rico comerciante português. Rondava os 19 anos e era a perdição dos moços da Vila de Finca Pé.

Quando as férias se aproximavam, ela e as amigas vinham de férias para o casarão dos seus pais na dita vila.

Elas passavam os dias na piscina, petiscando, bebendo, mergulhando e secando-se ao sol, tal como tinham vindo ao mundo.

A rapaziada entrava em polvorosa. A casa localizava-se numa colina e a encosta, permitia uma visão daquele espaço, a partir de um pequeno alto, sem que elas suspeitassem.

O alto era disputado a murro e a pontapé, mas ninguém abria o bico

para não denunciarem a sua presença.

Uma empregada da casa conhecia-os bem. Sabia o nome de todos e do Arnaldo, o mais velho, que ela cobiçava, mas sem sucesso.

Marie um belo dia topou-os. Pediu à Emília que os chamasse, um por um, pelos seus nomes, incluindo aquele de que ela gostava.

Encavacados, apresentaram-se à porta. Marie recebeu-os e disse-lhes:

-  Convido-os a entrarem e a estarem connosco, mas despidos, tal como nós estamos e vocês sabem. Podem mudar-se no anexo e deixarem lá a roupa.

Dito e feito. Saíram todos nus e ouviram a porta do anexo a fechar-se.

Procuraram o acesso à piscina, mas não o encontraram. A única porta aberta dava para a rua.

Emília, à socapa puxou pelo braço de Arnaldo e introduziu-o em casa.

Os restantes, ao darem pela sua falta, apavorados, fugiram tal como estavam.

 

Marie pediu à Emília que lhes dissesse que tinham de ir para o alto onde estavam e ela levar-lhes-ia a roupa. Quando ela se preparava para executar o pedido, Marie disse-lhe que se conseguisse escolher quatro entre eles, seriam bem-vindos…

Aflitos, logo que ela lhes trouxe o vestuário, perguntaram-lhe pelo Arnaldo e a resposta de Emília foi rápida e incisiva:

- Arnaldo está muito bem onde está!

Após uma observação cuidada de todos, não conseguiu inclinar-se para nenhum e resolveu dizer-lhes:

- Só os que vão à missa podem entrar, mas como nenhum vai, nada feito.

O padre ainda hoje não consegue explicar o súbito interesse da rapaziada, nas missas dominicais.

 

          Jorge C. Chora

           12/4/2024

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