sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

BONS SOLDADOS

 


A minha perna esquerda

nada confessa sobre a direita,

assim com esta nada diz sobre a gémea.

Andaram ambas pelos mesmos

atalhos e o único desabafo que deixam escapar,

é dizerem não terem autonomia,

ocultando o facto de nem sempre

lhes terem ordenado por onde caminharem,

mas saberem para onde quer ir, quem manda!

Jorge C. Chora

31/01/2025

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

TARDE DEMAIS

 

TARDE DEMAIS

As palavras por mim ditas,

embora a ti fossem dirigidas,

recusaste a ouvi-las,

mas sabias serem sentidas.

São dizeres de quem bem te quer,

mas de mim, nem quiseste escutá-las.

Outra que não tu, a seus ouvidos agradou

e fez-me notar o seu sorriso,

 alegre e despretensioso,

até aí por mim despercebidos.

Da simpatia ao agrado,

foi um passo de formiga.

Agora sussurro-lhe ao ouvido,

a ternura e o encanto outrora desperdiçado,

com quem de mim não gostava,

e hoje, vivo numa nuvem de bem querer,

com quem também bem me quer.

                Jorge C. Chora

                   30/01/2025



NÃO CONFUNDAM


Se com um frango te lambuzas,

e cartão de crédito não usas,

é porque d’alguém abusas!

Onde e como ganhaste o pitéu

e à vista de todos o devoras?

Se não o herdaste, é porque o roubaste.

Confessa, mas confessa já, onde o fanaste

antes que te acusem de tê-lo tirado ao bispo

ou a outra iminência, te confisquem e te arrastem, à força,

 para um interrogatório à porta fechada.

- Meus senhores, calma, o dinheiro é para a gorjeta!

O consommé, o champagne, o marisco, o frango e os doces,

são pagos com o cartão de crédito da empresa!

- Perdoe-nos Vª excelência a confusão!

Jorge C. Chora

30/01/2025

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

E NEM SEQUER ME OLHAVAS


Via-te passar e nem me olhavas.

 Fixei-te o andar,

 o vago olhar,

o teu leve pisar,

o sorriso de encantar.

O céu tornou-se mais azul

e quanto mais vezes por mim passavas,

mais azul o céu se tornava,

mas quanto ao olhares-me, nada,

era como se passasses por vinha vindimada.

Em desespero de causa, tentei aprender

 a cantar como os pássaros apaixonados.

 De tanto verem os meus esforços vãos,

resolveram dar-me a mão

 e sempre que ela passava,

uma sinfonia canora obrigava-a a parar

e a sentar-se a meu lado no banco,

e não tardou que a sua cabeça se encostasse à minha

e os nossos lábios se tocassem cada vez mais apaixonados.

Jorge C. Chora

29/01/2025

  

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

ÀS AVESSAS

 

Anda o mundo às avessas,

o importante é ter currículo,

em malfeitorias e outras vilanias.

Quanto maiores forem as patifarias,

mais seguro é o ganho e as garantias,

de sucesso e o acesso ao pódio,

e à respetiva medalha de ouro.

O cobre e a prata estão fora de questão,

ninguém as quer, são atribuídas sinecuras,

e contratos leoninos a quem o brindou,

com o lugar de rei sem coroa,

 e pala de pirata,

para conquistar países, anexar territórios,

e fama de mauzão, ao negar direitos e amar

o retrocesso civilizacional, disseminar a oligarquia,

e esmagar a liberdade!

         Jorge C. Chora

               21/1/2025

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

DIFERENTES SAUDADES

 

Há saudades de todo o tipo,

como as recíprocas,

entre quem parte

e quem fica.

Contam o tempo, mediando

a saída e o retorno do amigo

ou da pessoa amada.

Estas são as mais comuns,

a da ausência temporária

de um ente amado ou querido.

Outras há, onde as saudades

só são as dos que ficam,

pois quem parte,

deixou de as poder ter,

porque iniciou uma viagem sem regresso,

a morte lhe bateu à porta,

como a todos nós um dia acontecerá!

              Jorge C. Chora

               20/1/2025

 

sábado, 18 de janeiro de 2025

PALAVRAS DITAS E NÃO DITAS

 


Da minha boca saem

e nos teus ouvidos caem,

palavras de tanto agrado

quanto aquelas por ti proferidas

e por mim ouvidas.

Nenhuma se perde ou se desvia,

ainda mesmo as não ditas.

Mal os teus lábios se entreabrem,

sei, pelo jeito que lhes dás,

o sentido que lhes darás.

        Jorge C. Chora

            18/1/2025

 

 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

A NOVA RELIGIÃO

 

Do quinto dos infernos,

surgiram duas calamidades:

a barbárie e a insanidade,

tornando-se logo aliadas.

Transformaram-se, num ápice,

numa nova e dominante religião,

com sacerdotes sem escrúpulos

e muitos vassalos incondicionais.

Os seus dogmas são a inexistência

de leis que não sejam por eles ditadas

e a única liberdade é a de submissão

aos seus ditames e o desprezo pelas ideias

dos que ousam discordar, tendo implantado

novos desportos em substituição dos antigos:

o tiro aos pratos foi substituído pelo assassínio

de crianças, mulheres e velhos, altamente apreciada,

aprovada e louvada.

As fronteiras, independentemente das tradicionais,

são definidas segundo os seus interesses e a atividade

de demolição de edifícios, escolas e hospitais,

são exercidas com os utentes, doentes e moradores,

 no seu interior, de preferência e quanto maior o número de mortos,

mais medalhas e louvores são atribuídos aos assassinos.

E os sacerdotes da nova religião, ditam as leis, escolhem os juízes

e governam, substituindo as velhas democracias, pelas triunfantes oligarquias.

E os vassalos e seguidores da nova ordem, a tudo dizem ámen.

Jorge C. Chora

16/1/2025

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DE UM SER INVERTEBRADO

 

·        Obediência cega.

·        Crendice absoluta em generalizações abusivas.

·        Endeusamento dos chefes.


             Jorge C. Chora 

                  15/1/2025

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

OS EMIGRANTES D'OUTRAS ETNIAS

 

Povo de emigrantes e andarilhos,

agora e outrora,

fomos os primeiros entre os últimos,

uma espécie de fidalguia,

entre as gentes servis,

limpando a porcaria,

que outros fazem e faziam,

no dia a dia.

Agora algo mudou,

subindo na escala social,

somos os últimos entre os primeiros,

 já destilamos vilania, soberba

e desprezo por aqueles,

que são aquilo que nós fomos

e muitos ainda são, mas longe

dos vizinhos, acusando os

d’outras etnias,

por tudo e por nada,

tornando-os alvos e vítimas

de generalizações injustas,

tomando a parte pelo todo.

O mais espantoso é que

continuamos a ser um povo de emigrantes

que odeia emigrantes,

esquecendo-nos do que nos aconteceu e acontece,

no dia a dia, n’outras paragens,

em que nós é que somos d’outra etnia!

Felizmente não somos todos assim.

           Jorge C. Chora

                14/1/2025

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

O AMOR É UMA FLOR

 

O amor é flor que acolhe

e preserva a gota d’agua

nas suas pétalas,

se orienta e busca o calor,

como o girassol em relação ao sol;

é a elegância da tulipa e a simplicidade do hibisco,

o aroma límpido e cristalino da malva rosa.

O amor é uma flor,

um desejo de simplicidade e ardor!

          Jorge C. Chora

              13/1/2025

domingo, 12 de janeiro de 2025

O MARROQUINO


 

Sentado à mesa

parecia um sheik,

rodeado de mulheres,

candidatas a 3ªe 4ª

esposas, e quiçá, até à 5ª.

À sua frente, passou

uma mulher de 1,90 m,

tendo dado pelo interesse

do marroquino em si.

Questionou-o:

- Com tanta mulher interessada em si,

porque se interessa também por mim?

O marroquino, que afinal era português,

 respondeu-lhe:

- Minha querida, preciso de alguém,

que vigie quem delas se queira acercar!

A mulher, que era do Porto,

mirou-o da cabeça aos pés e retorquiu-lhe:

-Não era mal pensado, tê-lo como segundo marido

e enxotar qualquer mulher que de si se aproximasse!

 

                    Jorge C. Chora

                       12/1/2025

sábado, 11 de janeiro de 2025

OS ESTADOS D' ALMA

 


Não só pela boca

se expressam os estados d’alma.

 As pupilas dilatadas,

das moças casadoiras e não só,

ao verem um tritão do seu agrado,

assim como dos moços, perante

o bambolear de uma ninfa,

transmitem o nosso agrado.

A boca boquiaberta,

perante o suave balancear dos seios de uma ninfa,

 revelam outra expressão de um estado d’alma.

O franzir da testa ou das sobrancelhas,

mostram a nossa apreciação.

Mas, nada como a boca e as suas declarações,

para exprimir o nosso estado d’alma,

declarando o amor, a beleza, os desejos irreprimíveis,

e os compromissos inquebráveis.

Jorge C. Chora

11/1/2025

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

SAUDADES DO QUE SE PERDEU

 

Saudades do céu azul,

sulcado só por pássaros,

proibido a mísseis e ao troar

dos canhões.

Saudades de um mar de esmeralda,

onde se possam banhar os amantes,

dos dourados areais, onde os ais

amorosos, possam ser escutados

pelas sereias e golfinhos, apreciando

a divina nudez dos corpos entrelaçados.

Saudades de não as ter, quando o amor

pincelava a vida em tons rosa e dourado

e tê-las por não haver outro Woodstock!!

            JORGE C- CHORA  

                   6/1/2025

domingo, 5 de janeiro de 2025

OS TEUS PÉS


Beijo teus pés,

por te trazerem

até mim,

mesmo não sendo

 de ouro e marfim.

Se comigo não estivesses,

como te poderia beijar

da cabeça aos pés,

se eles fossem de ouro e marfim,

e não te trouxessem para ao pé de mim?

          Jorge C. Chora

              5/1/2025

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

O FIM DAS FESTAS

 

Após as festas e os sorrisos,

voltam os cenhos carregados,

 e os olhares esguios.

Fazem-se as contas aos gastos,

e ficam para além de azedos.

Retornam aos serviços,

à lufa-lufa do dia a dia,

aos apertos e às filas de trânsito,

à maldição dos horários

 e marcações de ponto.

Riscam-se os dias no calendário

para os dias que faltam para o próximo Natal.

Não respondem aos bons dias

e tal como os perus na véspera

das festas natalícias ou de fim do ano, respondem´:

- Só se for para ti!

           Jorge C. Chora

            2/1/2025

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

NO DIA DE ANO NOVO

 

No dia de Ano Novo,

pecar é uma bênção,

cada um é sacristão.

toca o sino em sua casa,

em fofo colchão de penas

 ou em nuvens de algodão.

Acolhem-se os amantes

em jogos de amor,

num entrelaçar de pernas e corações,

nada ficando por beijar, desde a mão,

até aquilo que nós sabemos,

no conforto do colchão de penas,

ou ocultos em nuvens de algodão.

 

            Jorge C. Chora

               1/1/2025