Com uma cara de poucos amigos, entrou no café, sentou-se com as costas da cadeira viradas para a frente e ordenou:
-Uma cerveja, um pastel de nata e um rissol.
Bebeu a cerveja e ia a metade do rissol quando desatou aos ais.
-O que é que o senhor tem?-perguntaram os funcionários.
Agarrado à boca, pediu a chave para ir à casa de banho. Saiu logo depois, com um pequeno guardanapo, com uma pintinha de sangue e pediu, numa aflição, um bagaço para desinfectar a boca, pois tinha espetado um osso!
-Um osso? O mais que pode ser é um bocado de camarão! – exclamaram os empregados.
Após” bochechar“ a bagaceira, dirigiu-se ao balcão e intimou:
-Qual de vós me acompanha ao dentista?
-Acompanhar ao dentista?
-Sim…não vêem a minha dor? Chamem uma ambulância…
Os funcionários arregalaram os olhos. Eles que nunca tinham ido ao dentista, estavam a ser solicitados para acompanhar um marmanjão com um dói dói…
-Mas que idade tem o senhor!
Nisto, saí da cozinha o ajudante, homem enorme que trabalhara numa clínica veterinária, cuja secreta ambição era ser dentista, com um facalhão impressionante, todo sorridente, a oferecer-se:
-Quem precisa de um dentista?
O homem, que já desandara sem pagar a conta, criou asas e ainda houve quem ouvisse pela rua fora a sua aflição:
-Olha que o cheque dentário me ia saindo caro!
Jorge C. Chora
terça-feira, 6 de julho de 2010
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O que se arrisca por um cheque dentário...
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