No tempo da guerra colonial, um jovem estudante de medicina, com a cabeça repleta de heroicidades, comunica à mãe que vai oferecer-se como voluntário para o exército.
A mãe deita as mãos à cabeça, não sabendo bem o que dera ao seu rebento, e o que fazer ao seu súbito apetite: se resolvia o caso com uma chapada, à antiga portuguesa, ou com uma descompostura quilométrica. Optou pela segunda hipótese, mas sem qualquer sucesso. O moço fez-se de surdo.
Logo que pôde dirigiu-se ao centro de recrutamento. Questionado pelo sargento de serviço sobre o que desejava, todo afoito disse ao que vinha:
-Quero oferecer-me como voluntário.
-Muito bem… - e o sargento encaminhou-se para a máquina de escrever, senta-se e dispara – nome e idade…
Em voz grossa, de peito inchado, despejou o nome, como se fosse um escultor a trabalhar a pedra.
O sargento martelou o nome e a máquina resistiu à investida de forma heróica.
Grafado o nome e a idade, voltou à carga:
-Profissão?
-Estudante do primeiro ano de medicina.
O sargento suspendeu a escrita. Sem sequer voltar a olhar para o mancebo, tirou o papel da máquina e disparou:
-Nós precisamos é de médicos. Vá acabar o curso e depois volte.
Sem esperar a resposta do mancebo, voltou-lhe as costas, não sem que antes lhe tenha desejado um bom-dia.
O país ganhou um bom cirurgião e, pelo que conheço da figura, livrou-se de um militar que vou ali e já venho. Safa!
Jorge C. Chora
terça-feira, 13 de julho de 2010
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Quem diria...
ResponderEliminar:) Bem pensado!
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