O cabelo caía-lhe em cascata ocultando-lhe, parcialmente, o rosto angelical. O vestuário irrepreensível, moderno, mãos e pés cuidados, uma perna esguia e depilada ao pormenor. Era assim a jovem senhora que seguia sentada no metro e atraía as atenções. Abriu a carteira, retirou um telemóvel e digitou um número.
-Sim…pois é verdade…acredito que o beijo criou o mundo…
À sua volta várias cabeças abanaram, concordando, de modo silencioso, com a afirmação.
-Acredito mesmo que o beijo criou o mundo… -tornou ela.
E as cabeças dos ouvintes tornaram a concordar.
A jovem e muito convincente senhora, guardou o telemóvel, retirou uma agenda e beijou-a. De seguida beijou uma chave, um fio, uma série de documentos e, com todos os olhos postos nela, descalçou um sapato, beijou-o, calçou-se de novo e saiu na estação seguinte.
No banco ao lado, um homem pequeno, com um longo chapéu e de papillon, dá um pulo e diz:
-Não se preocupem, eu costumo tomar conta dela… - e salta do comboio, beijando o chapéu e gritando - Espera por mim minha querida!
Jorge C. Chora
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
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