sexta-feira, 1 de junho de 2012

O dia do gato

Tenho uma gata cor- de- laranja chamada Bli. Bli? Mas que nome tão estranho, dirão os que estão a ler este texto. Bem, parece mas não é. Vou explicar-vos a razão de ser deste nome. Já ouviram falar de Blimunda, uma mulher com poderes mágicos, apaixonada por Baltazar- Sete-Sóis? Talvez não, mas falem disso aos vossos pais e peçam-lhes que lhes contem a sua história. Caso seja um leitor adulto, não perca tempo e leia o livro o mais rápido possível! Pois bem, Bli é o diminutivo de Blimunda.

O que tem a minha gata em comum com a Blimunda? Boa pergunta! Vou tentar responder-lhes à questão. Ambas têm poderes mágicos. A mulher, desde que estivesse em jejum podia ler as pessoas por dentro, saber quem elas eram, o que pensavam, conhecê-las…saber dos seus desejos. A minha gata, fixa os seus olhos em mim e transmite-me o que quer. Mia durante o tempo que for necessário, sem parar, até que eu lhe satisfaça os desejos. Quando acha que estou a demorar mais do que é normal, tira as garras, espeta-me o focinho na barriga e ruge. Os seus olhos verdes são como esmeraldas que nos fitam e embrulham as suas ordens.

Neste momento aproximam-se os três primos, o Francisco o Rafael e a Matilde. É dia 1 de Junho. Eles já receberam presentes mas dirigem-se, apressados, na sua direcção. A Bli olha, aflita, para mim e emite um pedido de socorro:

-Dia da criança uma ova! Também não há dia do gato!

E parte numa correria para cima de um armário, longe do alcance dos pequenos que a chamam:

-Be-li…ande cá… - diz com voz melada o meu neto Francisco, soletrando-lhe o nome de modo meigo.

-Be-li…be-li… - reforçam, em coro, a Matilde e o Rafael.

A Bli olha-os e ignora-os, resmungando:

-Enquanto não houver dia do gato, bem podem chamar-me!

Jorge C.Chora

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