quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A gata costureira

De dois em dois minutos a gata salta-lhe para o colo e ronrona. É ronha, pura ronha, pois ela sabe que vai ser corrida dali para fora. Tenta dar-lhe a volta a ver se a deixam ficar, se o dono amolece com as suas demonstrações de afecto. Sabe-a toda, mas mesmo toda!

Neste momento ela acabou de lhe saltar, pela sexta vez, para o colo. Antes que a ponham a mexer, tira a unhas e agarra-se às pernas, cravando-as nas calças e, de seguida, puxa. Mais um rasgão nas calças de ganga. Levanta-se aborrecido. O telefone toca e ele acaba por ter de sair sem tempo para se trocar.

Tem de se deslocar ao café onde o esperam uns amigos e respectivos filhos. Ao chegar os jovens olham-no com atenção. Miram-no e remiram-no e acabam por lhe perguntar onde comprou as calças. Ri-se. Eles insistem. Ele acaba por responder:

-Como estas não há nenhumas. Foram arranjadas por uma gata costureira.

Perante o espanto demonstrado, teve de explicar em detalhe o que queria dizer. Quando finalmente se libertou da curiosidade juvenil e se preparava para dar atenção aos adultos, ouviu um chorrilho de pedidos que o deixou estarrecido:

-Quando podemos ir ter com a gata costureira? Podemos fazer um horário para estarmos com ela? Amanhã já é possível iniciar as visitas? – insistiram os jovens.

Tinha lançado, para mal dos seus pecados, a sua gata como costureira. Era só o que lhe faltava!

Jorge c. Chora

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