terça-feira, 4 de setembro de 2012

Adeus doutores

Vão-se os letrados,
ficam os velhos e os analfabetos,
evaporam-se as esperanças dos
que não tiveram infância e deram
o tudo por tudo para educarem os netos,
sonhando com o dia em que os veriam doutores.

No país,hoje, nem as espinhas sobram, é preciso sair,
temem os anciãos pelo que resta à sua verde e doce prole,
chupar o que não presta, comer o que lhes faz mal,
voltar ao tempo da sardinha para três,
dar razão àqueles que nada fizeram pelos seus,
que juraram para sua comodidade, que estudar era luxo vão e o futuro
estava na enxada e tudo o resto era vaidade, e para mal dos nossos pecados,
anseiam pelo dia do regresso à foice e à enxada, para do alto da sua putrefacção,
vociferarem sem parar:
-Adeus doutores que não fazem cá falta!
E mais uma vez a noite cai, sobre o nosso triste Portugal.

Jorge C. Chora


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