Três amigos realizavam um passeio aéreo de balão, cada um no
seu, quando uma tempestade súbita os arrastou para terras longínquas.
Quando a tormenta amainou, acharam-se a sobrevoar um vasto
campo de estacas pontiagudas, existindo, quase a meio, uma clareira de grande
dimensão. Comunicaram entre eles, através de sinais, aterrar no local.
Ao desembarcarem, decidiram explorar a clareira e
descobriram uma gruta e, espalhadas no seu interior, bem distante da entrada,
inúmeras barras de ouro.
Apressaram-se a juntá-las, contá-las e a dividi-las pelos
três. A seguir, começaram a transportá-las para os seus respectivos balões.
O piloto do balão azul, logo que conseguiu transportar vinte
barras e ocupou metade do chão do seu cesto, declarou que ia partir e voltaria
mais tarde para ir recolhendo o resto do que lhe coubera na divisão.
-E só levas isso? E se alguém descobre o tesouro e nos leva
o que deixámos?
-Não vou arriscar-me a não conseguir levantar voo devido ao
excesso de peso!
Despediu-se dos amigos e partiu.
O dono do balão amarelo, colocou várias camadas no chão do
balão e, após várias tentativas, conseguiu descolar. Passado um bocado, começou
a perder altitude e, uma rajada de vento inesperada, fê-lo despenhar-se entre
as estacas pontiagudas e perder a vida.
O terceiro viajante, não se apercebeu do que acontecera ao
amigo e continuou a carregar até ao topo o seu balão vermelho. Foram várias as
tentativas falhadas de se elevar nos ares.
Não se deu conta do aparecimento de alguns homens, armados e
semi-nus, que o cercaram. Roubaram-lhe o tesouro e ao verem que havia mais ouro
na gruta, mataram-no para que só eles soubessem da sua localização e ninguém
ficasse a saber do roubo.
O sobrevivente, ao chegar são e salvo ao seu local de
destino, foi cercado por um bando de homens que lhe confiscou a totalidade da
sua fortuna, assim como o balão. Sempre ambicionara comprar, entre outras
coisas, um carro e viu esfumar-se o seu sonho.
Acabou por conduzir o automóvel da sua paixão, um Jaguar,
pois o chefe do referido grupo decidiu comprá-lo, com o ouro que lhe tinha
surripiado, mas concedendo-lhe, por especial favor, o privilégio de ser o seu
motorista.
O leitor também suspeita que o querem transformar em
motorista ou julga que nem isso lhe vão permitir?
Jorge C. Chora
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