quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O passeio

Três amigos realizavam um passeio aéreo de balão, cada um no seu, quando uma tempestade súbita os arrastou para terras longínquas.

Quando a tormenta amainou, acharam-se a sobrevoar um vasto campo de estacas pontiagudas, existindo, quase a meio, uma clareira de grande dimensão. Comunicaram entre eles, através de sinais, aterrar no local.
Ao desembarcarem, decidiram explorar a clareira e descobriram uma gruta e, espalhadas no seu interior, bem distante da entrada, inúmeras barras de ouro.

Apressaram-se a juntá-las, contá-las e a dividi-las pelos três. A seguir, começaram a transportá-las para os seus respectivos balões.

O piloto do balão azul, logo que conseguiu transportar vinte barras e ocupou metade do chão do seu cesto, declarou que ia partir e voltaria mais tarde para ir recolhendo o resto do que lhe coubera na divisão.

-E só levas isso? E se alguém descobre o tesouro e nos leva o que deixámos?

-Não vou arriscar-me a não conseguir levantar voo devido ao excesso de peso!

Despediu-se dos amigos e partiu.

O dono do balão amarelo, colocou várias camadas no chão do balão e, após várias tentativas, conseguiu descolar. Passado um bocado, começou a perder altitude e, uma rajada de vento inesperada, fê-lo despenhar-se entre as estacas pontiagudas e perder a vida.

O terceiro viajante, não se apercebeu do que acontecera ao amigo e continuou a carregar até ao topo o seu balão vermelho. Foram várias as tentativas falhadas de se elevar nos ares.

Não se deu conta do aparecimento de alguns homens, armados e semi-nus, que o cercaram. Roubaram-lhe o tesouro e ao verem que havia mais ouro na gruta, mataram-no para que só eles soubessem da sua localização e ninguém ficasse a saber do roubo.

O sobrevivente, ao chegar são e salvo ao seu local de destino, foi cercado por um bando de homens que lhe confiscou a totalidade da sua fortuna, assim como o balão. Sempre ambicionara comprar, entre outras coisas, um carro e viu esfumar-se o seu sonho.

Acabou por conduzir o automóvel da sua paixão, um Jaguar, pois o chefe do referido grupo decidiu comprá-lo, com o ouro que lhe tinha surripiado, mas concedendo-lhe, por especial favor, o privilégio de ser o seu motorista.

O leitor também suspeita que o querem transformar em motorista ou julga que nem isso lhe vão permitir?


Jorge C. Chora

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