sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Sonhos reparadores

Chegou ao carro e verificou que lhe tinham roubado uma roda. Substituiu-a. Nesse ano teve de repor o rádio, a antena, os espelhos retrovisores.

Um belo dia procurou a viatura e não a encontrou. Furioso com a questão, não parou até que descobriu um processo inovador que evitava o roubo das viaturas. Importou o equipamento e instalou-o.

Três dias após o ter feito, logo de manhã, qual não foi a sua surpresa ao ver um conhecido, que se dizia seu amigo do peito, a dormir na sua viatura. Dormiu durante vinte e quatro horas, pois o sistema garantia um sono com mais ou menos essa duração.

A eficácia do sistema foi propagandeada boca a boca entre as vítimas habituais dos amigos do alheio. Poucas semanas depois, numa manhã fria e chuvosa, metade da população da cidade foi encontrada a dormir em viaturas que não lhes pertenciam.

Fotografados nos carros que pretendiam roubar, tiveram duas opções: serem denunciados à polícia, com as provas fotográficas, ou lavarem, durante um ano, todos os fins-de-semana, as viaturas que não tinham conseguido surripiar.

Numa reportagem televisiva, o repórter, dava conta do afã de limpeza que contaminara os habitantes:

-É deveras surpreendente o empenho que a população demonstra na promoção da limpeza, na conservação do que lhes pertence, no exercício físico requerido pela tarefa, Um exemplo de cidadania. Bem -hajam.


Jorge C. Chora

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