Chegou ao carro e verificou que lhe tinham roubado uma roda.
Substituiu-a. Nesse ano teve de repor o rádio, a antena, os espelhos
retrovisores.
Um belo dia procurou a viatura e não a encontrou. Furioso
com a questão, não parou até que descobriu um processo inovador que evitava o
roubo das viaturas. Importou o equipamento e instalou-o.
Três dias após o ter feito, logo de manhã, qual não foi a
sua surpresa ao ver um conhecido, que se dizia seu amigo do peito, a dormir na
sua viatura. Dormiu durante vinte e quatro horas, pois o sistema garantia um
sono com mais ou menos essa duração.
A eficácia do sistema foi propagandeada boca a boca entre as
vítimas habituais dos amigos do alheio. Poucas semanas depois, numa manhã fria
e chuvosa, metade da população da cidade foi encontrada a dormir em viaturas
que não lhes pertenciam.
Fotografados nos carros que pretendiam roubar, tiveram duas
opções: serem denunciados à polícia, com as provas fotográficas, ou lavarem,
durante um ano, todos os fins-de-semana, as viaturas que não tinham conseguido
surripiar.
Numa reportagem televisiva, o repórter, dava conta do afã de
limpeza que contaminara os habitantes:
-É deveras surpreendente o empenho que a população demonstra
na promoção da limpeza, na conservação do que lhes pertence, no exercício
físico requerido pela tarefa, Um exemplo de cidadania. Bem -hajam.
Jorge C. Chora
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