segunda-feira, 1 de junho de 2015

A VINGANÇA DO MELRO E DA NUVEM

  

Lourenço foi ao parque passear, levando na mão um balão. Encontrou uma corneta no banco onde se sentou. Pôs-se a tocá-la e os pássaros começaram a chilrear de modo alegre e harmonioso.

Minutos depois foi admoestado pelo guarda do jardim:

-É proibido fazer barulho.

-Bom …isto não é propriamente barulho…- respondeu-lhe Lourenço a medo.

-A esta hora perturba quem cá está!

-Mas aqui não há ninguém! E são dez horas da manhã… -ripostou, de modo tranquilo, Lourenço.

-Após as nove é proibido. Já passa uma hora das nove… -disse o guarda com ar de poucos amigos.

-Mas isso é no horário nocturno e não no diurno – contrapôs o jovem.

-Quem decide se é de noite ou de dia sou eu! - berrou o vigilante.

Nesse mesmo instante, um grande melro aliviou os intestinos, enquanto o vigilante tinha a boca aberta.

-Está multado, por associação criminosa com o pássaro porcalhão… - vociferou, enquanto cuspia, furioso, pedaços de cócó do atrevido melro.

E uma nuvem cuja dança fora interrompida, tornou-se carrancuda, liquefez-se e desabou inteira sobre o homem que não gostava de alegria, de crianças, e muito menos de música.


Jorge C. Chora

2 comentários:

  1. História tão singela, tão ternurenta, que nos faz sonhar, que nos faz sorrir.
    Adorei constatar que dentro do seu ser existe uma criança com tanta doçura, com tanta magia.
    Vina Sampedro/João Santos

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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