quarta-feira, 4 de maio de 2016

O HÁLITO DE SATÃ

           
 Se não é filho d`alguém,
catedrático, general ou político,
os seus postos não alcançará
e o mundo fechar-se-á.
 Uma saída terá,
se pertencer a gente rica,
pois outro galo cantará:
será tudo o que quiser,
mesmo que não tenha
 quaisquer requisitos para o ser.
É preciso não esquecer
o poder de abades e abadessas,
porque desprezá-los é desconhecer
o real  poder da instituição a que pertencem.
Claro que há excepções,
 mas qual a regra que as não tem?
 E então como se faz para lá chegar?
 Bom, vamos recapitular:
Se não é filho de general,
muito menos de catedrático,
não recebe bênçãos do abade,
de político nem sonhar
 e de rico nem cheirar,
 só lhe resta morrer a trabalhar,
 regressar à idade média,
tornar-se à força um” mantenedor”,
quiçá um servo da gleba,
aquele que tudo e todos sustentava
e que não era tido nem achado,
 para nada e por ninguém.
O grande Satã, às portas do
 Cabo da Roca estará, e dir-lhe-á,
exalando um hálito putrefacto:
Se não estás bem, tens todo
o oceano para navegar e um
encontro com o Adamastor
para te colocar a cabeça no lugar!
E os banidos da sorte,
enfrentá-lo-ão,
reeditando a saga de outrora,
 gritando que o fazem
 “por ordem de D. João II”,
recusando dar-se por vencidos,
 embora escorraçados do seu país.

Jorge C. Chora



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