Em maio deste ano visitei o jardim do Paço Episcopal de
Castelo Branco. Melhor dizendo, revisitei-o, pois já na adolescência por lá
tinha passado com a família e há cerca de trinta anos, com a minha mulher.
A vantagem destas visitas espaçadas no tempo é a de que nos
podemos maravilhar com pormenores que nos tinham escapado na altura.
Desta vez, fomos integrados num grupo (círculo cultural
Artur Bual, da Amadora, presidido por Luís Teixeira Alves) e tivemos a sorte de
ter como guia, em Castelo Branco, o arquitecto José Paulo Leite.
Escusado será dizer que a visita foi óptima e abarcou desde
o museu Cargaleiro ao Centro Cultural, passando pela parte medieval da cidade e
o Jardim Episcopal.
Imaginei os bispos no jardim deliciando-se com as vítimas do
giochi à italiana (jogos de água), que surpreenderiam as convidadas,
esguichando jactos de água e causando gritinhos de “ai Jesus.. ai Jesus” e suas
excelências, solicitas, acorrendo com os seus lenços de seda a secar-lhes os
tornozelos e convidando-as a sentarem-se nas conversadeiras. Refeitas do susto,
ser-lhe-ia eventualmente proposto um passeio de batel ou de canoa, no tanque
grande, que armazenava a água para a rega do jardim…
Eis que me puxam pelo braço. Os membros do círculo
adiantaram-se e a minha mais que tudo repreende-me:
-Lá estás tu a pensar na morte da bezerra…acorda…não me
digas que já estás a imaginar-te no lugar dos bispos!
-Que ideia a tua… -resmungo- apanhado, como sempre, por quem
me conhece como às suas próprias mãos.
Jorge C. Chora
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