segunda-feira, 18 de julho de 2016

O JARDIM EPISCOPAL DE CASTELO BRANCO E O DEVANEIO SOBRO O GIOCHI



Em maio deste ano visitei o jardim do Paço Episcopal de Castelo Branco. Melhor dizendo, revisitei-o, pois já na adolescência por lá tinha passado com a família e há cerca de trinta anos, com a minha mulher.

A vantagem destas visitas espaçadas no tempo é a de que nos podemos maravilhar com pormenores que nos tinham escapado na altura.

Desta vez, fomos integrados num grupo (círculo cultural Artur Bual, da Amadora, presidido por Luís Teixeira Alves) e tivemos a sorte de ter como guia, em Castelo Branco, o arquitecto José Paulo Leite.
Escusado será dizer que a visita foi óptima e abarcou desde o museu Cargaleiro ao Centro Cultural, passando pela parte medieval da cidade e o Jardim Episcopal.

Imaginei os bispos no jardim deliciando-se com as vítimas do giochi à italiana (jogos de água), que surpreenderiam as convidadas, esguichando jactos de água e causando gritinhos de “ai Jesus.. ai Jesus” e suas excelências, solicitas, acorrendo com os seus lenços de seda a secar-lhes os tornozelos e convidando-as a sentarem-se nas conversadeiras. Refeitas do susto, ser-lhe-ia eventualmente proposto um passeio de batel ou de canoa, no tanque grande, que armazenava a água para a rega do jardim…

Eis que me puxam pelo braço. Os membros do círculo adiantaram-se e a minha mais que tudo repreende-me:

-Lá estás tu a pensar na morte da bezerra…acorda…não me digas que já estás a imaginar-te no lugar dos bispos!

-Que ideia a tua… -resmungo- apanhado, como sempre, por quem me conhece como às suas próprias mãos.


Jorge C. Chora

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