Na feira de antiguidades, um senhor de grandes bigodes,
examinava os objectos da banca onde se encontrava, com um detalhe e uma
morosidade exasperante.
O vendedor, de modo educado, ia respondendo às questões, a
um ritmo frenético, que o cliente lhe ia pondo, da melhor maneira que lhe era
possível.
Depois de mexer, remexer e examinar praticamente tudo o que
havia, pegou numa pequena estatueta metálica, representando um galo. Deu-lhe o
mesmo tratamento que tinha dispensado às peças anteriores, com a
particularidade de a encostar ao ouvido, primeiro o esquerdo e a seguir o
outro.
-A peça é portuguesa?
-Sim. Comprei-a como tal...
E o senhor, tornou a encosta-la às orelhas e a sacudi-la com
um ar de caso.
-Pois olhe, se eu descubro que ele canta em chinês, pode ter
a certeza que venho cá devolvê-lo… -
advertiu o comprador.
- E se ele por acaso cantar em japonês ou em tailandês? -perguntou
divertido o vendedor.
-Nada feito…se ele cantar, só aceito em português legítimo,
de preferência em ritmo de fado cacarejado!
Nestas feiras aparece cada maduro!
Jorge C. Chora
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