quinta-feira, 17 de agosto de 2017

O BALOIÇO



Pé ante pé a septuagenária aproximou-se do parque infantil situado no jardim. Perscrutou as proximidades com o seu olhar arguto. Só após ter obtido a confirmação de que não se via ninguém, entrou. Descalçou os sapatos altos, soltou os cabelos que lhe caíram em cachos, levantou ligeiramente as saias e sentou-se no baloiço.
Baloiçou-se devagar, de início, e depois de forma cada vez mais enérgica, cantando a plenos
pulmões:

_” Fui ao jardim da Celeste, girofflé  girofflá…”

De súbito vê, ao fundo, alguém a entrar no parque. Salta do baloiço, calça-se, apanha o cabelo e sai, queixo levantado e mala no braço. Cruzou-se com quem tinha entrado e cumprimentou-a:

-Muito bom dia.

-Para si também minha senhora.

Jorge C. Chora



Sem comentários:

Enviar um comentário